Agência France-Presse
postado em 26/11/2014 12:26
Ancara - O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, denunciou nesta quarta-feira (26/11) a impertinência dos Estados Unidos na crise síria, destacando mais uma vez as divergências entre os dois países após a visita do vice-presidente americano Joe Biden. Em uma reunião de empresários em Ancara, Erdogan se referia aos pedidos dos Estados Unidos à Turquia na luta contra os jihadistas do Estado Islâmico (EI)."Por que alguém faz uma viagem de 12 mil quilômetros para se interessar nesta região?", perguntou Erdogan referindo-se à visita de Biden no fim de semana passado em Ancara. Apesar das pressões exercidas pelos Estados Unidos, o governo islamita-conservador turco nega-se a intervir militarmente para ajudar as forças curdas que defendem a cidade de Kobane na Síria.
A Turquia também não acatou o pedido dos Estados Unidos de habilitar a base militar de Incirkik (sul) para os aviões americanos que bombardeiam as posições do Estado Islâmico na Síria. O país considera que estes bombardeios são ineficazes e insiste que a prioridade da estratégia antijihadista é tirar do poder o presidente sírio Bashar al-Assad. "Os americanos foram simples espectadores quando o tirano Assad massacrou 300 mil pessoas", disse Erdogan. "Ficaram em silêncio diante da barbárie de Assad e agora brincam com a consciência pesada" da opinião internacional "em torno do destino de Kobane", lamentou Erdogan.
[SAIBAMAIS]Biden concluiu no domingo uma visita de três dias em Istambul sem conseguir superar de forma notável as divergências da Turquia e dos Estados Unidos sobre o assunto sírio. No entanto, diferentemente do tom adotado publicamente por Erdogan, um funcionário americano celebrou uma aproximação de posições durante esta visita.