Agência France-Presse
postado em 26/11/2014 12:33
Madri - Os religiosos detidos no sul da Espanha por pedofilia foram apresentados nesta quarta-feira à Justiça, que recebeu uma segunda denúncia em um novo escândalo que abalou o Vaticano, levando o Papa Francisco a exigir a verdade.Apresentados inicialmente como quatro sacerdotes da arquidiocese de Granada, os detidos são, de acordo com fontes da investigação, três padres e um professor leigo de religião.
Detidos na segunda-feira após o Papa incentivar a vítima a denunciar os abusos, os quatro foram interrogados nesta quarta-feira pelo juiz Antonio Moreno, informou à AFP uma fonte judicial.
"Eles começaram a depor. O primeiro depôs cedo esta manhã", indicou. De acordo com a mesma fonte, o juiz Moreno, encarregado do caso desde o início de novembro, deve receber nesta quarta-feira "uma segunda queixa que foi apresentada na segunda-feira à noite à polícia".
Dado que a investigação "corre sob sigilo", não foi possível determinar a identidade do segundo queixoso, que, de acordo com a imprensa espanhola, seria amigo da primeira vítima, que já se apresentou como testemunha.
O escândalo começou depois que um homem de 24 anos escreveu uma carta ao Papa Francisco denunciando ter sido vítima de abusos sexuais dos 7 aos 18 anos de idade por um grupo de religiosos em uma paróquia de Granada.
"As práticas sexuais mais comuns iam desde massagens a masturbações e beijos na boca", afirmava a carta, segundo a qual outros meninos e meninas podem ter sofrido os mesmos abusos. "Eu recebi a carta, li, liguei para a pessoa e disse: amanhã vá ver o bispo", contou o Papa, que forçou a abertura de um inquérito diocesano por abusos sexuais após receber a carta de uma vítima.
"Como estou vivendo? Com grande dor, com muita dor. Mas a verdade é a verdade e não devemos escondê-la", admitiu Francisco. Francisco pediu tolerância zero contra a pedofilia, após o surgimento de vários casos nos últimos anos que afetaram a Igreja Católica, a maioria dos quais aconteceu entre 1960 e 1980.