O novo modelo policial passará de "mais de 1,8 mil policiais municipais fracos, que, com facilidade, podem ser corrompidos pela delinquência, a 32 sólidas corporações de segurança estatal", afirmou o presidente em uma mensagem à Nação, na qual anunciou um pacote de reformas constitucionais em termos de segurança que vai ser apresentado ao Congresso na segunda-feira.
"O México deve mudar", enfatizou Peña Nieto, que enfrenta a pior crise de sua presidência. Outra das propostas permitirá ao governo federal assumir o controle dos serviços municipais ou dissolver uma prefeitura "quando existirem indícios suficientes de que a autoridade local está envolvida com a delinquência organizada", assinalou.
A sociedade mexicana continua escandalizada pelo brutal ataque a tiros do qual foram vítimas 43 estudantes na noite de 26 de setembro em Iguala (estado de Guerrero) por parte de policiais locais aparentemente ligados ao cartel Guerreiros Unidos.
- Novo massacre -
Peña Nieto antecipou que os primeiros estados onde haverá desmantelamento das forças policiais são os conturbados Michoacán e Jalisco (oeste), Tamaulipas (nordeste) e Guerrero (sul), onde, apesar da ampla mobilização das tropas, um novo massacre foi registrado nesta quinta-feira.
Onze corpos decapitados foram encontrados em uma estrada perto da cidade de Chilapa - 330 km da Cidade do México - horas depois de terem sido registradas trocas de tiro na região.
As vítimas, entre 20 e 25 anos, "além de executadas, foram decapitadas e, posteriormente, algumas foram incineradas", contou à AFP uma fonte da Secretaria de Governo de Guerrero.
A fonte destacou que ao lado dos corpos foi deixado um cartaz com uma mensagem direcionada a um grupo criminoso, apelidado ;Los ardillos; (os esquilos), onde se lia: "Aí está o seu lixo". O México atravessa uma situação crítica no campo dos direitos humanos, segundo a ONG Human Rights Watch, que considera o crime em Iguala como um dos piores da história recente latino-americana.
A organização acusa Peña Nieto de falta de compromisso contra a impunidade que ronda a imensa maioria dos mais de 80 mil assassinatos e 22 mil desaparecimentos, realizados desde que seu antecessor, Felipe Calderón, lançou uma polêmica ofensiva antidrogas, em 2006.
Peña Nieto, que manteve a mobilização militar, assumiu a Presidência em 2012 com a promessa de conquistar um "México em Paz" e insistiu, nesta quinta-feira, em que seu governo conseguiu reduzir os homicídios.