Agência France-Presse
postado em 27/11/2014 20:27
MONTEVIDÉU - Os candidatos à presidência uruguaia encerram nesta quinta-feira uma campanha apática com ânimo diferente. Com todas as previsões a seu favor, o ex-presidente de esquerda Tabaré Vázquez já pensa em seu futuro gabinete, enquanto o representante da centro direita Luis Lacalle Pou queima seus últimos cartuchos e dá luz a polêmicas."Quero propor o seguinte trato: eu me comprometo a trabalhar faça chuva ou sol para que este país não seja detido e para que você faça parte deste caminho ao desenvolvimento", disse Vázquez em seu último discurso da campanha.
Faltando três dias para o segundo turno, que definirá o sucessor de José Mujica, todas as pesquisas preveem a vitória folgada do governista Vázquez sobre o candidato do Partido Nacional, Lacalle Pou. O primeiro obteria entre 52% e 55% e o segundo, entre 37% e 40% dos votos.
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Em meio a um clima de apatia, Lacalle Pou encerra na noite desta quinta-feira sua campanha na cidade de San Carlos, no departamento de Maldonado.
Nas últimas entrevistas que concedeu, o político de 41 anos, que chegou para disputar a presidência após ganhar surpreendentemente as primárias do Partido Nacional, em junho, assegurou que está tranquilo pelo caminho percorrido, reconhecendo ainda que "comparado à ilusão que se havia gerado, o partido cresceu menos" do que o esperado.
Depois de uma campanha em que defendeu uma atitude de não confrontação, esta semana Lacalle Pou respondeu irritado a uma série de propagandas da Frente Ampla, que zombavam dos "pitucos", como são chamadas as pessoas de classe alta.
Nos comerciais, uma mulher de classe alta fala ao telefone com "Cuquito" - em referência ao apelido do pai de Lacalle Pou, o ex-presidente Luis Alberto Lacalle (1990-1995), apelidado de "Cuqui" - queixando-se das exigências feitas por trabalhadores rurais e empregadas domésticas que, a seu juízo, eram exageradas.
"Chamar-nos de ;pitucos; é o maior ressentimento que já vi neste país", disse o candidato à rádio Sarandí, indicando que essa publicidade promove a divisão de classes no Uruguai.
Na quarta-feira, o próprio presidente Mujica se referiu ao tema e pediu desculpas a Lacalle Pou. "Em nome de meu povo, peço-lhe desculpas. Às vezes, passamos um pouco dos limites no calor do momento", afirmou. "Mas a fraternidade entre nós deve ser preservada".
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