Agência France-Presse
postado em 29/11/2014 12:05
Istambul - No segundo dia da visita a Turquia, o papa Francisco meditou por alguns momentos neste sábado na famosa Mesquita Azul de Istambul, sinal de sua vontade de promover o diálogo entre as religiões em um país muçulmano que tem fronteira com Iraque e Síria.
Francisco meditou durante dois minutos, com os olhos fechados e as mãos unidas, ao lado do grande mufti de Istambul, Rahmi Yaran, que rezava ao seu lado. "Foi um bonito momento de diálogo interreligioso", disse o porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi.
"Aconteceu o mesmo há oito anos com Bento", recordou Lombardi. Em 2006, o papa Joseph Ratzinger fez um gesto de reconciliação inédito, uma "meditação" voltado para Meca, três meses depois de ter pronunciado um discurso polêmico, que parecia associar o Islã e a violência.
Francisco, que trocou neste sábado, (29/11), o carro blindado que usou em Ancara na sexta-feira por um veículo comum, seguiu pouco depois para a basílica de Santa Sofia para uma rápida visita, sob a convocação de oração dos almuadens a partir dos minaretes próximos.
Leia mais notícias em Mundo
Esta enorme igreja bizantina, visitada a cada ano por milhões de turistas, foi transformada em mesquita após a tomada de Constantinopla pelo Império Otomano em 1453, mas virou um museu em 1934 por decisão do fundador da Turquia moderna e laica, Mustafa Kemal Atatürk.
Mas o futuro de Santa Sofia ainda provoca tensões entre cristãos e muçulmanos, que exigem regularmente que o local volte a ser uma mesquita.
A presença do papa no bairro de Sultanahmet de Istambul não provocou a presença de uma multidão, ao contrário do que acontece na maioria de suas viagens.
Pouco mais de mil pessoas estavam reunidas ao redor dos dois monumentos, sinal das rígidas medidas de segurança impostas pelas autoridades locais e do pouco interesse que a vista desperta entre os turcos.
"Curiosidade e respeito"
"Não sou cristã, mas vim aqui por curiosidade e respeito", declarou à AFP a muçulmana Selime. "Em um momento no qual temos tantos conflitos ao nosso redor, precisamos de mensagens de paz e de tolerância", completou.
O papa celebrará durante a tarde uma missa na catedral do Espírito Santo para a minúscula comunidade cristã da Turquia, que tem apenas 80.000 membros em uma população de mais de 75 milhões de muçulmanos.
Segundo o Vaticano, Francisco poderia aproveitar a oportunidade para encontrar alguns dos milhares de cristãos do Iraque ou da Síria refugiados na maior cidade da Turquia para fugir da guerra e da ameaça jihadista.
Francisco destacou desde que chegou ao país os "generosos esforços" das autoridades turcas, que receberam quase dois milhões de refugiados sírios e iraquianos.
O segundo dia da visita turca do sumo pontífice terminará com um encontro com o líder da igreja ortodoxa, o patriarca Bartolomeu I, destinado a reduzir a divisão entre as duas Igrejas desde o cisma de 1054.