Agência France-Presse
postado em 01/12/2014 18:58
Londres - O ex-premiê trabalhista britânico Gordon Brown, que só pôde ocupar o cargo por três anos, após passar muito tempo sob a sombra de Tony Blair, anunciou nesta segunda-feira que deixará o Parlamento depois de três décadas.Brown, de 63 anos, que perdeu as eleições de 2010, voltou brevemente ao centro da política britânica ao assumir a liderança da campanha para que a Escócia continuasse no Reino Unido no referendo de independência de 18 de setembro de 2014.
Embora seu papel tenha sido saudado como determinante para a vitória do "não" e tenha lhe valido alguma popularidade, Brown anunciou nesta segunda-feira que não voltará a se candidatar à sua cadeira nas eleições gerais de maio de 2015.
"Não tenho nenhuma dúvida de que é a decisão correta", disse, em discurso em sua cidade, Kirkcaldy, na igreja onde seu pai foi ministro.
Brown será lembrado pela brevidade de seu mandato - só três ocupantes da Downing Street estiveram menos tempo que ele desde 1990 -, mas também por ter protagonizado uma das rivalidades mais ferozes da política britânica contemporânea.
Foi a mantida com Blair, um correligionário. Em 1994, os dois chegaram a um acordo pelo qual Brown abria o caminho a Blair para que assumisse a liderança trabalhista.
Em 1997, Blair venceu as eleições e nomeou Brown seu ministro das Finanças.
As tensões dominaram a relação entre os dois trabalhistas e em 2007, Blair abriu caminho ao ex-amigo, de quem agora dizia carecer de "inteligência emocional".
Pouco tempo depois, explodiu a crise financeira de 2008 e, embora o prêmio Nobel Paul Krugman tenha elogiado o governo Brown, sugerindo que ele tinha "salvado o sistema financeiro mundial", sua popularidade desabou.
Finalmente, em 2010, Brown perdeu as primeiras eleições gerais para o conservador David Cameron e deixou o primeiro plano, voltando para a sua Escócia natal, onde se dedicou a fomentar a causa da educação.
Brown se tornou o protetor da ganhadora do Nobel da Paz deste ano, a paquistanesa Malala Yousafzay e sua família, quando se instalaram no Reino Unido, depois que os talibãs tentaram matá-la.