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Governos devem melhorar proteção de reservas de carbono na Amazônia

O estudo foi feito por cientistas e especialistas em políticas públicas e das ONGs, ao lado de redes pan-amazônicas de indígenas

Agência France-Presse
postado em 02/12/2014 20:27
Os territórios indígenas e as áreas naturais protegidas detêm mais da metade (55%) das reservas de carbono da Amazônia e exigem maior proteção dos governos por sua influência na estabilidade do clima mundial, revelou um estudo de organizações ambientais, divulgado nesta terça-feira.

"A rede de TI (territórios indígenas) e ANP (áreas nacionais protegidas) dos nove países amazônicos contém 55% (47.363 toneladas métricas) do carbono da Amazônia, o que, se for liberado, alteraria irremediavelmente os regimes climáticos e de chuva em escala continental", acrescentou o informe, apresentado paralelamente à Conferência das Partes da Convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP20), celebrada em Lima.

Mais da metade (53% ou 4,2 milhões de quilômetros quadrados) da região amazônica está em risco pela expansão da agricultura e da pecuária, bem como de setores de mineração, exploração de petróleo, de madeira e dos transportes. "Nunca antes estivemos sob tanta pressão" pelo avanço de interesses privados, afirmou Edwin Vásquez, co-autor e presidente da COICA, Coordenadora das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica.

"Se todos os projetos de desenvolvimento econômico atualmente previstos para a Amazônia forem implementados, a região se tornaria uma gigantesca savana, com ilhas de floresta", alertou Beto Ricardo, do brasileiro Instituto Sócio-ambiental (ISA), uma das entidades que contribuiu com o informe.



O estudo foi feito por cientistas e especialistas em políticas públicas e das ONGs, ao lado de redes pan-amazônicas de indígenas. A Amazônia compreende 2.344 territórios indígenas e 610 áreas naturais protegidas, distribuídas em nove países.

O papel dos territórios indígenas e das áreas naturais protegidas é essencial também para a preservação da Amazônia, visto que agem como barreiras sociais e naturais ao avanço da fronteira agrícola e os incentivos florestais, afirmaram os autores.

"Isto significa que o reconhecimento internacional e o investimento em territórios indígenas e áreas protegidas são essenciais para garantir que estas áreas continuem contribuindo para manter a estabilidade global do clima", disse Richard Chase Smith, do peruano Instituto do Bem Comum.

Inaugurada na segunda-feira, a conferência climática da ONU (COP20) durará duas semanas, em Lima, em busca criar as bases para um novo acordo mundial contra o aquecimento global, que deve ser aprovado em 2015, durante uma cúpula ambiental, em Paris.

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