Agência France-Presse
postado em 04/12/2014 14:22
Téhéran - O Parlamento iraniano aprovou um projeto de lei para tributar o rendimento das principais fundações religiosas e empresas ligadas às Forças Armadas pela primeira vez na República Islâmica, informou a imprensa nesta quinta-feira (4/12).O dinheiro arrecadado com estas fundações e instituições econômicas das Forças Armadas, que controlam setores inteiros da economia iraniana, deverá financiar a construção de escolas em áreas desfavorecidas do país, segundo um parlamentar citado pela imprensa.
O governo iraniano quer reduzir a parcela das receitas do petróleo e aumentar a dos impostos e taxas no orçamento proposto para o próximo ano iraniano (março de 2015 a março de 2016), que o presidente Hassan Rouhani apresentará no domingo ao Parlamento.
Segundo a imprensa, o texto refere-se em particular às fundações Astan Quds Razavi e da Execução de Ordens do imã Khomeini (Eiko). A primeira administra o mausoléu do imã Reza, o 8; imã xiita, na cidade sagrada de Mashhad (nordeste), onde milhões de fiéis visitam a cada em peregrinação.
De acordo com os Estados Unidos, Eiko, controlado pelo gabinete do líder supremo do Irã, reúne cerca de quarenta empresas e administra "bilhões de dólares de investimentos".
Os impostos cobrados poderiam representar dez bilhões de rials (mais de 377 milhões de dólares) por ano, estima Mousalreza Servati, membro da Comissão Parlamentar de Orçamento, citado pelo jornal Shargh. "Dada a redução das receitas do petróleo do país e da continuação desta tendência para o próximo ano, é necessário prever rendas alternativas", indicou outro deputado, Gholam-Ali Jafarzadeh Imenabadi, que lembrou que estas instituições não pagam impostos até hoje.
Mas o projeto de lei tem poucas chances de entrar em vigor, segundo um terceiro deputado, Mohammad Reza Purebrahimi, citado pelo site de notícias Tabnak.
A isenção beneficiada por Astan Quds Razavi foi decidida por decreto pelo aiatolá Khomeini, fundador da República Islâmica, e só o seu sucessor, o aiatolá Ali Khamenei, pode anular tal decisão, o que dificilmente acontecerá, de acordo com o parlamentar.