Agência France-Presse
postado em 04/12/2014 15:12
Líderes muçulmanos e cristãos exortaram nesta quinta-feira (4/12) no Cairo os cristãos no Oriente Médio a permanecer na região, apesar das perseguições e abusos por parte de grupos jihadistas."O exílio forçado dos cristãos e outros grupos religiosos ou étnicos é um crime que todos nós condenamos", disseram os líderes religiosos de vinte países ao final de uma conferência internacional sobre o "terrorismo" convocado poe al-Azhar, uma das instituições mais prestigiadas do Islã sunita.
"Pedimos a nossos irmãos cristãos a permanecer em seu país até que desapareça a onda de terrorismo que todos nós sofremos", acrescentaram em um comunicado conjunto. Eles chamam "todos os países do mundo" a não facilitar este exílio, ajudando estes grupos a imigrar no seu território.
A declaração é feita cinco dias após o apelo do Papa Francisco a todos os líderes muçulmanos a condenar claramente o terrorismo islâmico. A ofensiva lançada em junho pelos jihadistas do Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria forçou centenas de milhares de refugiados a deixar suas casas, incluindo dezenas de milhares de cristãos vítimas de abusos.
O xeque Al-Azhar condenou os "crimes bárbaros" cometidos pelo EI abrindo na quarta-feira a conferência. "Todos os grupos armados e milícias sectárias que utilizam a violência e o terrorismo (...) não têm nenhuma relação com o verdadeiro Islã", ressalta nesta quinta o comunicado conjunto da Al-Azhar.
O texto também denuncia uma interpretação "distorcida" da "jihad" ou "guerra santa", acrescentando que esse conceito significa "auto-defesa e resposta à agressão" e que não deve ser lançado "por qualquer indivíduo ou grupo". Sem realmente propor ações concretas, os participantes chamaram para a realização de "uma conferência de diálogo internacional para trabalhar juntos para construir a paz e espalhar a justiça."