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Realidade dentro da ficção: teria mesmo a Coreia do Norte hackeado a Sony?

Investigação interna sobre a ação de hackers à empresa que controla estúdios do filme The interview aponta para o país asiático. Diplomata nega o ataque, mas ocorrido parece render nova história Hollywoodiana

postado em 04/12/2014 21:20
Imagem de divulgação do filme apresenta caracteres coreanos
Em 29 de janeiro do ano que vem - se não houver a intervenção nada divina de mais algum hacker -, estreia nos cinemas norte-americanos (e, a reboque, no mundo inteiro) o filme The interview, uma comédia/aventura com Seth Rogen, de Ligeiramente grávidos, e James Franco, de 127 horas, sobre uma dupla de jornalistas contratada pela CIA para matar o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un.

O filme provavelmente é uma tolice, daquelas que flanam pela sala de estar na Sessão da tarde, mas, desde que o roteiro ganhou a internet, a Coreia do Norte trata a película como um "ato de guerra". Mesmo: "Um filme sobre o assassinato de um líder estrangeiro ilustra o que os Estados Unidos fizeram no Afeganistão, no Iraque, na Síria e na Ucrânia", diz uma declaração oficial divulgada pelo diretor do Centro para a Paz entre Coreia do Norte e Estados Unidos, Kim Myong-Chol.

[SAIBAMAIS]Em sua defesa, o estúdio que produz The interview, Sony Pictures, deu um passo atrás. Pediu para que Seth Rogen, que também dirige a película, cortasse uma das cenas, em que Kim Jong Un tem a face derretida, à Caçadores da arca perdida.

Aparentemente, não deu muito resultado. No dia anterior ao Dia de Ação de Graças americano, o site da Sony foi invadido por hackers. Como resultado, os sistemas internos da empresa amanheceram travados e documentos oficiais do estúdio vazaram na web, incluindo aí informações pessoais de atores e atrizes.

Uma investigação pesada se iniciou na empresa no mesmo dia, um 24 de novembro. E aí começa a trama Hollywoodiana. Em 1; de dezembro, no mesmo dia em que os sites da Sony, enfim, foram completamente restaurados, sites americanos de tecnologia começaram a noticiar que as investigações internas da empresa miravam o governo da Coreia do Norte. Enquanto a empresa dizia, oficialmente, que ainda não tinha pistas sobre os culpados, executivos, em tese, discutiam se fariam uma declaração oficial mostrando que a Coreia do Norte, sim, teria ordenado a invasão. Seria a primeira vez que um país atacaria, ainda que digitalmente, um estúdio de Hollywood.

Hackers vazaram salários de James Franco e Seth RogenNa última quarta-feira (3/12), duas fontes ligadas à investigação (uma delas possivelmente do FBI, que passou a ajudar o estúdio) disse ao site Re/Code que a Sony se preparava para acusar oficialmente a Coreia do Norte, algo que acabou não ocorrendo. Na manhã desta quinta-feira (4/12), um diplomata norte-coreano, que preferiu não se identificar, concedeu entrevista à emissora de radiodifusão Voice of America, negando que o país tenha atacado a Sony: "Meu país publicamente declara que segue as normais internacionais banindo a atividade hacker e a pirataria". Segundo executivos do estúdio, isso já era esperado: independentemente de ter ou não ordenado o ataque, seria improvável que a Coreia do Norte assumisse a invasão hacker.

O que impediria a Sony de acusar o governo norte-coreano seria um acordo com a Casa Branca, costurado pelo FBI, ou mesmo o receio de que novas invasões ocorram. Um dos maiores "telhados de vidro" da empresa é a PlayStation Network (PSN), a rede para gamers, que guarda dados, inclusive financeiros, de 8 milhões de cidadãos americanos.

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