Agência France-Presse
postado em 05/12/2014 20:03
A justiça de Nova York anunciou nesta sexta-feira que formará um grande juri para decidir sobre o julgamento ou não de um policial branco que matou um jovem negro desarmado no dia 20 de novembro passado, em mais um caso polêmico envolvendo impunidade policial nos Estados Unidos.O promotor do Brooklyn, Ken Thompson, informou sua decisão sem precisar uma data para a formação do grande juri - um painel popular - que analisará as evidências sobre a morte de Akai Gurley, 28 anos, morto pelo policial Peter Liang nas escadarias de um conjunto habitacional deste bairro de Nova York. "Vou apresentar as evidências sobre a morte de Akai Gurley no dia 20 de novembro de 2014 a um grande juri porque é importante ir fundo para saber o que ocorreu", disse o promotor em um comunicado.
Gurley é mais um dos diversos cidadãos negros mortos recentemente nos Estados Unidos por policiais brancos, dois dos quais foram absolvidos recentemente por grandes juris, um na cidade de Ferguson, Missouri, e outro em Nova York, o que provocou uma série de protestos.
Ao ser baleado por Liang, um policial com pouca experiência, Gurley não estava armado, e um dia após o incidente o chefe da polícia de Nova York, Bill Bratton, admitiu que a vítima era "totalmente inocente".
Nesta sexta-feira, antes da vigília prévia ao enterro de Gurley, na igreja batista Brown Memorial, no Brooklyn, a mãe do jovem, Sylvia Palmer, falou pela primeira vez em público para pedir justiça. "Não fez nada errado. Era um bom menino, bom, que amava sua família e sua filha", disse Palmer à imprensa.
A impunidade policial envolvendo crimes raciais provocou manifestações em Nova York nas duas últimas noites, onde mais de 280 pessoas foram detidas.
Os diferentes protestos levados adiante na quinta-feira à noite bloquearam a ponte de Brooklyn, tomada por manifestantes, o túnel Holland, que interliga à vizinha Nova Jersey, a West Side Highway, no oeste de Manhattan, e a zona da Times Square.
Os protestos em Nova York foram deflagrados pela decisão de um grande juri, na quarta-feira, de não julgar o policial branco Daniel Pantaleo, acusado de agarrar pelo pescoço o negro Eric Garner, 43 anos, que faleceu logo depois, no dia 17 de julho passado.
Duas semanas antes, outro grande juri isentou de julgamento um policial branco que baleou o jovem negro Michael Brown, 18 anos, na cidade de Ferguson, Missouri, em agosto passado.