Agência France-Presse
postado em 08/12/2014 18:45
Genebra - Serra Leoa se tornou oficialmente o país com o maior número de infectados pelo vírus Ebola, com 7.798 casos registrados contra 7.719 na Libéria, segundo novas estatísticas divulgadas pela OMS nesta segunda-feira, mesmo dia em que médicos residentes do principal hospital serra-leonês entraram em greve contra a falta de equipamentos.A paralisação no Hospital Connaught, de Freetown, capital de Serra Leoa, se segue à morte de três médicos infectados pela febre hemorrágica, enquanto novas cifras revelaram que o país se tornou o mais afetado pela epidemia, título antes pertencente à Libéria.
"Nós decidimos paralisar nossos cuidados até que haja uma atmosfera de trabalho segura e propícia", declarou a associação de residentes médicos em um comunicado.
A associação não detalhou quantos médicos aderiram à greve, mas os pacientes falam de interrupções de serviços importantes.
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Uma residente declarou que ela e suas colegas estavam deprimidas e "não tinham mais coragem de ir ao trabalho" devido à falta de equipamentos.
"Nós estamos muito perturbados com a morte dos nossos colegas [...], é desmoralizante", acrescentou.
Os médicos afirmam que faltam equipamentos respiratórios e monitores de sinais vitais. Eles demandam, também, um número maior de unidades de cuidados intensivos para o centro médico, construído pelos italianos no oeste da cidade, onde alguns residentes devem ser afetados.
A associação de médicos residentes se reunirá esta terça-feira para decidir sobre uma eventual prorrogação da greve, segundo uma fonte no âmbito do sindicato.
Dez médicos morreram em Serra Leoa após ter contraído o Ebola. O vírus dizimou mais de 300 profissionais de saúde nos três países da região mais afetados pela doença: Serra Leoa, onde a epidemia continua a se expandir, Guiné e Libéria, onde parece ter se estabilizado.
Segundo balanço da OMS divulgado no sábado, a epidemia já causou mais de 6.331 mortos, sobretudo no oeste da África, com cerca de 17.800 casos contabilizados.
O balanço anterior, datado de 2 de dezembro, tinha registrado 6.070 mortos e um total de 17.145 infectados