Agência France-Presse
postado em 09/12/2014 19:53
Bogotá- O ex-presidente americano, Bill Clinton, disse nesta terça-feira (9/12) achar possível que seu país considere crimes do narcotráfico cometidos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como crimes políticos se o governo colombiano alcançar um acordo de paz com esta guerrilha."Se um acordo de paz for alcançado que tenha um amplo apoio na Colômbia, acho que os Estados Unidos poderia apoiá-lo porque sabemos que os benefícios da paz são importantes", afirmou o ex-presidente em entrevista com a emissora colombiana rádio W.
[SAIBAMAIS]Clinton respondeu assim à pergunta de se seu país aceitaria a proposta do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, para considerar como crimes políticos aqueles relacionados com as drogas no âmbito do conflito armado, cometidos pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, comunistas).
Santos esboçou a ideia há uma semana, dias antes da retomada, nesta quarta-feira, dos diálogos de paz que seu governo adianta com as Farc desde novembro de 2012 em Havana, suspensos depois que um general colombiano e outras quatro pessoas caíram em poder desta guerrilha e foram libertados no mês passado.
"Se olharmos como os conflitos chegaram a um fim no passado, as situações de mal-estar foram resolvidas em locais como Ruanda e África do Sul. Tem que haver um acordo entre o passado e o presente", acrescentou Clinton, que governou os Estados Unidos entre 1993 e 2001.
"Penso que se ele (o presidente Santos) conseguir alcançar um acordo que seja aceito em casa, o resto de nós se sentirá inclinado a aceitá-lo também", acrescentou. A Colômbia é, ao lado do Peru, um dos principais produtores de cocaína do mundo, com 290 toneladas produzidas em 2013, segundo o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.
As Farc, principal guerrilha da Colômbia, surgida em 1964 de uma insurreição camponesa que atualmente tem 8.000 combatentes, segundo cifras oficiais, admitiram cobrar um imposto de lavradores que cultivam coca, planta usada como base para a produção da cocaína.
O líder máximo das Farc, Timochenko, admitiu que a guerrilha perdeu quadros (membros) para o narcotráfico, segundo reportagem do jornal El Tiempo, publicada no domingo, que citou fontes da inteligência.