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Papa Francisco explica mal-entendidos envolvendo Sínodo sobre a família

Ele esclareceu que o casamento católico é indissolúvel, depois de lamentar a visão apresentada pela imprensa dos debates dentro da Igreja sobre homossexualidade e comunhão entre os divorciados

Agência France-Presse
postado em 10/12/2014 13:10

Papa Francisco discursa na Praça de São Pedro

Cidade do Vaticano- O papa Francisco explicou nesta quarta-feira (10/12) os mal-entendidos gerados na opinião pública envolvendo o Sínodo sobre a família, esclarecendo que o casamento católico é indissolúvel, depois de lamentar a visão apresentada pela imprensa dos debates dentro da Igreja sobre homossexualidade e comunhão entre os divorciados.

Diante de cerca de 13.000 pessoas de todas as nacionalidades, o Papa argentino quis mostrar seu ponto de vista sobre a primeira assembleia de bispos de todo o mundo convocada por ele em outubro passado no Vaticano para falar da resposta da Igreja aos desafios da família moderna.

"Com frequência a visão dos meios de comunicação era ao estilo das crônicas esportivas ou políticas: falava-se de duas equipes, uma a favor e outra contra, conservadores e progressistas, etc. Hoje gostaria de contar a vocês o que ocorreu no sínodo", anunciou o Papa, em um gesto inédito.

"Não houve censura prévia, e cada um podia, devia, dizer o que tinha no coração. E houve transparência ao publicar todos os documentos", afirmou. "O sínodo não é um Parlamento, mas um espaço protegido para que o Espírito Santo possa agir. Não houve um confronto entre facções, mas um debate entre bispos, que agora prosseguirá em um novo trabalho para o bem da família", disse.

Francisco reconheceu que os debates entre os bispos foram fortes, o que considera um sinal de grande liberdade, e ressaltou que nenhuma intervenção colocou em discussão princípios fundamentais para a igreja católica, como "a indissolubilidade (do casamento), a unidade, a fidelidade e a abertura à vida", disse a partir da Praça de São Pedro.

Em uma entrevista concedida no domingo ao jornal argentino La Nación, Francisco também abordou a espinhosa questão de autorizar a comunhão para os divorciados que voltam a se casar, argumento que gera fortes divisões dentro da igreja.

Para o pontífice, "parecem excomungados de fato", já que "não podem ser padrinhos de batismo, não podem ler (...) na missa, não podem receber a comunhão e não podem ensinar catequese", reconheceu. "Não é uma solução se derem a eles a comunhão. Apenas isso não é a solução, a solução é a integração", explicou.

A campanha do Papa argentino para explicar aos católicos o longo caminho que a igreja começou para realizar uma série de reformas através dos sínodos e de suas reuniões parece uma tarefa difícil. "Ninguém falou de casamento homossexual no sínodo, não nos ocorreu. Mas falamos de como uma família que tem um filho ou uma filha homossexual deve educar, gerir a situação", explicou Francisco ao La Nación.



O papa Francisco acaba de enviar às dioceses de todo o mundo um novo questionário, com 46 perguntas, que aborda todo tipo de temas, com o objetivo de preparar o segundo sínodo sobre a família de outubro de 2015. Junto com o questionário, o Papa enviou as conclusões do primeiro sínodo sobre a família, no qual conseguiu fazer com que as bases da Igreja abrissem pela primeira vez os debates sobre vários temas tabu, entre eles a homossexualidade, o divórcio entre católicos, a convivência e até a poligamia.

"É preciso prosseguir com o trabalho, e não começar do zero", pediu o pontífice, que após os debates no Vaticano, todos consultáveis on-line, interrogou as igrejas locais de todo o mundo sobre os possíveis passos a serem dados. As respostas do segundo questionário servirão para elaborar o documento base para o segundo sínodo de 2015. Ao término deste longo processo, o Papa decidirá as reformas que adotará.

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