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Dirigente palestino é morto durante confrontos com soldados israelenses

Ziad Abu Ein, funcionário da Autoridade Palestina para assuntos vinculados à colonização israelense, é a personalidade mais importante a falecer em tais circunstâncias em muitos anos

Agência France-Presse
postado em 10/12/2014 15:40

Pessoas seguram cartazes do ministro palestino Ziad Abu Ein em frente a um hospital de Ramallah

Turmus Ayya- Um alto dirigente palestino, Ziad Abu Ein, morreu nesta quarta-feira (10/12) depois de ter sido agredido por soldados israelenses durante uma manifestação, o que ameaça a cooperação entre a Autoridade palestina e Israel na Cisjordânia ocupada.

Ziad Abu Ein, funcionário da Autoridade Palestina para assuntos vinculados à colonização israelense, é a personalidade mais importante a falecer em tais circunstâncias em muitos anos. O presidente palestino, Mahmud Abbas, condenou a ação "bárbara" que provocou a morte do dirigente.

"Tomaremos as medidas necessárias depois de conhecer os resultados da investigação sobre o caso", completou Abbas, que insistiu que "todas as opções estão abertas" à discussão, durante a abertura de uma reunião extraordinária dos líderes palestinos em Ramallah para discutir medidas a serem adotadas pela Autoridade após a morte de Abu E;n.

Já o ministro israelense da Defesa, Moshé Yaalon, lamentou a morte e anunciou a abertura de uma investigação. "O exército israelense investiga o incidente durante o qual Ziab Abu A;n morreu", afirmou em um comunicado. "Nós lamentamos sua morte", acrescentou.

O homem de 55 anos, preso em diversas ocasiões por Israel, faleceu depois de ter sido agredido por soldados israelenses que dispersavam uma manifestação em Turmus Ayya contra os assentamentos judaicos. Cerca de 300 manifestantes se reuniram para uma passeata partindo de Turmus Ayya para a colônia de Adei Ad, com a intenção de plantar oliveiras, segundo um fotógrafo da AFP no local.

Os manifestantes foram interceptados pelos soldados israelenses e começaram os confrontos. Os manifestantes continuaram a avançar. Soldados empurraram brutalmente Ziad Abu E;n atingindo seu pescoço e garganta. Testemunhas relataram golpes em seu peito e coronhadas.

As imagens do incidente mostram uma grande confusão, com uma bomba de gás lacrimogêneo explodindo aos pés da autoridade palestina que parece respirar com grande dificuldade. Alguns minutos depois, Ziad Abu Ein desabou na grama segurando seu peito, segundo o fotógrafo da AFP. Um soldado israelense tentou dar-lhe os primeiros socorros antes de levá-lo para o hospital, onde morreu.

Suas últimas palavras para a imprensa antes dos incidentes foram denunciando "um exército de ocupação que pratica terror e opressão". Os manifestantes vieram "plantar árvores, não atirar pedras ou agredir ninguém", disse ele. Após a morte, o exército israelense alegou ter agido em face de "desordeiros". Indicando examinar as circunstâncias da morte, Israel propôs a criação de uma equipe de investigação conjunta.

Cooperação suspensa

A morte de Ziad Abu E;n ocorre em um contexto de tensão entre palestinos e israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Segundo contas da AFP, cerca de 20 palestinos foram mortos desde o final de junho pelo Exército israelense na Cisjordânia.

O incidente levanta a questão crucial do prosseguimento ou não da cooperação entre a direção palestina e Israel quanto à segurança na Cisjordânia. Várias fontes palestinas indicaram à AFP em Ramallhah que a cooperação foi interrompida, mas ainda não há confirmação oficial.

Os líderes palestinos devem se reunir nesta quarta-feira às 19h00 (15h00 de Brasília) uma reunião extraordinária. Um número considerável de participantes pode exigir o fim da cooperação de segurança com Israel, indicou à AFP uma fonte próxima à liderança palestina.



"Agora é a hora de unir nossas forças contra a ocupação sionista criminosa e parar qualquer coordenação da segurança com o ocupante", respondeu a organização islâmica Hamas. A Jordânia denunciou "um crime a mais na lista dos crimes israelenses contra o povo palestino indefeso".

A União Europeia pediu uma investigação "imediata" e "independente" sobre as circunstâncias da morte. E o secretário-geral da ONU, Ban ki-Moon, cobrou uma investigação "rápida e transparente" sobre a morte de Abu Ein, se dizendo "profundamentel entristecido".

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