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Norte e Sul do Mediterrâneo reforçam luta contra islamismo

A zona entre o Mediterrâneo e o Sahel abriga vários grupos jihadistas

Agência France-Presse
postado em 11/12/2014 19:12
Granada- A internet, espaço de difusão de mensagens islâmicas e recrutamento de combatentes, é o novo campo da luta contra o jihadismo dos dez países do 5%2b5 - ao sul e ao norte do Mediterrâneo ocidental - unidos contra uma ameaça comum.

Os ministros da Defesa da Espanha, França, Itália, Portugal, Tunísia, Marrocos, Mauritânia e Líbia, além de responsáveis de Argélia e Malta, reuniram-se nesta quinta-feira (11/12) em Granada, no sul da Espanha, como parte desta iniciativa criada em 2004 para desenvolver a cooperação regional.

Reconhecendo que as ameaças mudaram, houve um acordo para ampliar a cooperação centrada, principalmente, na vigilância marítima, proteção civil e segurança aérea de uma zona mediterrânea cada vez mais instável.

Esta reunião "ocorre em uma conjuntura difícil, com novas ameaças terroristas", reconheceu o ministro tunisiano Ghazi Jeribi, em referência ao notável desenvolvimento dos grupos islâmicos.

Por este motivo, "devemos evoluir e incluir outras atividades, como crimes que são cometidos através da internet", afirmou ao término de um encontro realizado na simbólica Alambra, cidade murada que, até 1492, acolheu o último reino muçulmano da península ibérica.

"Enquanto existir o terrorismo, afetando qualquer país dos 10, teremos uma ameaça compartilhada e, portanto, desenvolveremos atividades conjuntas" que passam agora de uma simples troca de informação à vigilância no ciberespaço, afirmou o espanhol Pedro Morenés, sem detalhar ações concretas.

Ameaça regional

A zona entre o Mediterrâneo e o Sahel abriga vários grupos jihadistas - Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI), Movimento para a Unidade da Jihad na África Ocidental (Mujwa), Ansar al-Din, Ansar al-Sharia, Al-Shabaab e Boko Haram -, segundo um estudo sobre riscos e oportunidades no norte da África apresentado na terça-feira pelo Real Instituto de estudos internacionais em Madri.

"Representam não só um problema para Mali e Sahel, mas também para a estabilidade de países vizinhos ao norte e ao sul do Saara, como Argélia, Mauritânia, Níger e Senegal", destacou o estudo.

Os países europeus do 5%2b5 já participam, no marco de organismos internacionais, de operações como o treinamento de militares na Somália contra o Al-Shabaab, a formação das forças armadas do Mali e da rede Atlanta de vigilância contra a pirataria na região do Chifre da África.

Alguns, como Espanha, por sua condição geográfica de fronteira, têm especial interesse na estabilidade de uma zona com grande potencial econômico, destacou Morenés na apresentação do estudo. "Não há experiência de geração de riqueza, de futuro, que não precise de estabilidade e não há estabilidade se não temos garantia de segurança de nossa liberdade e de nosso Estado de Direito", afirmou.

Os países europeus da parte de cima do Mediterrâneo têm um interesse especial em orientar os olhos da União Europeia para o sul, em uma tentativa de equilibrar uma atenção tradicionalmente centrada no norte, que agora passa por um conflito na Ucrânia, explica o especialista Charles Powell.



O objetivo é "chamar a atenção de atores europeus e influenciar o continente até conseguir que compartilhem as preocupações e as soluções políticas dos problemas", disse nesta quinta-feira Marcelino Oreja, ex-ministro espanhol de Assuntos Exteriores.

Em abril de 2013 os ministros do Interior do 5%2b5, reunidos em Argel, capital da Argélia, já haviam defendido uma estratégia global na luta antiterrorista" baseada no combate contra a pobreza e na prevenção de conflitos.

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