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Ex-militar revela locais onde foram enterradas vítimas da ditadura

O ex-major do Exército Ernesto Barreiro e outros três acusados decidiram romper o pacto de silêncio diante do tribunal

Agência France-Presse
postado em 11/12/2014 19:45
Buenos Aires- Um ex-militar acusado de crimes contra a humanidade revelou os locais onde foram enterradas vítimas da ditadura executadas em um centro de detenção, informou nesta quinta-feira (11/12) o presidente do tribunal de Córdoba, no centro do país.

O ex-major do Exército Ernesto Barreiro e outros três acusados decidiram romper o pacto de silêncio diante do tribunal, 31 anos após o retorno à democracia e no Dia dos Direitos Humanos.

Barreiro, que liderou a primeira revolta contra o governo de Raúl Alfonsín, em 1987, para exigir as leis de anistia, foi apontado por sobreviventes como o chefe dos interrogatórios de prisioneiros no campo clandestino de detenção "La Perla", nas proximidades de Córdoba, 700 km ao norte de Buenos Aires.

"É a primeira vez que um acusado revela dados concretos. Não há qualquer dúvida de que se trata de um fato absolutamente inédito nos processos por violações dos direitos humanos", disse o juiz Jaime Díaz Gravier, presidente do tribunal que julga os crimes de "La Perla".

Acusado de mais de 400 crimes contra a humanidade, Barreiro entregou uma lista com os nomes de 25 pessoas, incluindo 21 enterradas em um forno de cal dentro do "La Perla", onde em 21 de outubro passado integrantes da Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF) encontraram ossos humanos.
O ex-militar indicou a existência de outro forno, até agora desconhecido, onde estariam as outras quatro pessoas citadas na lista.



"Fizemos uma operação ontem (quarta-feira), mas é um local muito acidentado, entre diversas serras de Córdoba, ficamos o dia todo mas não encontramos o segundo forno", disse Díaz Gravier, acrescentando que a "busca continuará com os meios tecnológicos adequados".

O julgamento em Córdoba envolve quase 50 militares, entre eles o ex-general Luciano Menéndez, 87 anos, já condenado a nove penas de prisão perpétua por crimes durante a ditadura.

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