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Milhares marcham nos EUA por direitos civis e contra a violência policial

Mortes de jovens negros por policiais brancos geraram uma onda de protestos contra a violência e o racismo da polícia

Agência France-Presse
postado em 13/12/2014 19:08
Mortes de jovens negros por policiais brancos geraram uma onda de protestos contra a violência e o racismo da polícia

Milhares de pessoas saíram em passeata neste sábado em Washington e Nova York pedindo justiça para homens negros mortos por policiais brancos, somando-se a manifestações semelhantes realizadas nas últimas semanas em todo o país. Parentes de Michael Brown e Eric Garner estavam entre os manifestantes no coração da capital americana, que se reuniram na Marcha por Justiça para Todos, organizada por Al Sharpton, personalidade dos movimentos pelos direitos civis nos Estados Unidos.

Os primeiros protestos aconteceram após a morte de Brown, ocorrida em agosto na localidade de Ferguson, Missouri (centro). A decisão de um grande júri de não punir na Justiça Darren Wilson, policial que baleou Brown, que estava desarmado, foi seguida por outra, semelhante, tomada em Nova York, que deixou sem punição o agente que matou Garner, vendedor ilegal de cigarros e pai de seis filhos.

As mortes de Brown e Garner, e a de Tamir Rice, menino de 12 anos que manuseava uma arma de brinquedo quando foi baleado por um policial branco em Cleveland, Ohio, geraram uma onda de protestos em todo o país contra os métodos policiais e o racismo imperante em suas fileiras, segundo os manifestantes.

Parentes de Rice e Trevor Martin, adolescente negro morto por um vigilante em 2012 na Flórida, participaram da manifestação. Liderando o manifesto na Praça da Liberdade, próxima à Casa Branca, milhares de pessoas gritavam "Sem justiça não há paz", lema da mobilização.

"Estou aqui para marchar não apenas por Garner, mas também por vossos filhos, filhas, sobrinhos, sobrinhas, todas as vossas famílias", disse Esaw, viúva de Garner, à multidão, formada por brancos e negros. Muitos gritavam palavras de ordem contra a "polícia racista" e exibiam cartazes com dizeres como "A vida dos negros conta" e "Não consigo respirar", últimas palavras de Garner, que morreu asfixiado. No centro de Nova York, milhares de pessoas se reuniram, apesar das baixas temperaturas, com manifestantes gritando "Fecharemos Nova York" e "A vida dos negros importa".

Mortes de jovens negros por policiais brancos geraram uma onda de protestos contra a violência e o racismo da polícia

O atendente de bar Cole Fox, 24, saiu em passeata com a mãe e exibia um cartaz pedindo uma reforma judicial. "Mudanças fundamentais precisam ser feitas. Será apenas uma questão de dias antes que a próxima pessoa, branca ou negra, seja morta", afirmou. Também houve uma pequena manifestação de rua em Boston.



Em Washington, Laura Murphy, da Associação de Defesa das Liberdades Individuais (Aclu), discursou em um púlpito improvisado na Praça da Liberdade, e pediu ao Congresso que dite uma lei contra o racismo na polícia. "Estamos aqui hoje, estaremos aqui amanhã, estaremos aqui até que o trabalho seja concluído", afirmou, ovacionada pela multidão.

"Viremos aqui quantas vezes for necessário", reforçou a mãe de Garner, Gwen Carr, a caminho do Capitólio. "Quando formos para casa hoje, esperamos que eles tenham ouvido nossas vozes, atendido aos nossos pedidos, porque, sem justiça, não há paz."

O clima era pacífico, com policiais presentes em grande número. Al Sharpton liderou o protesto, com o objetivo de honrar os que morreram nas mãos da polícia, e pediu uma reforma judicial. "Você pensou que poderia varrer isto para debaixo do tapete, mas continuaremos mantendo o foco em Michael Brown, Eric Garner, Tamir Rice, em todas estas vítimas", proclamou.

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