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Partido do premier vence com folga eleições antecipadas no Japão

Durante a campanha, o chefe de governo evitou assuntos sensíveis, como a reativação das centrais nucleares e a reinterpretação da Constituição pacifista

Agência France-Presse
postado em 14/12/2014 20:37
Tóquio - O partido conservador do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, obteve neste domingo uma ampla vitória nas eleições legislativas antecipadas, vistas como um referendo sobre sua política econômica, destinada a impulsionar a terceira maior potência mundial, atualmente em recessão.

Segundo resultados divulgados pelo canal público de TV NHK a 01H35 desta segunda-feira (hora local), o Partido Liberal Democrático (PLD) obteve entre 290 e 292 cadeiras das 475 em jogo, em relação às 295 da legislatura anterior, que contava com um parlamento de 480 deputados.

[SAIBAMAIS]Embora não tenha conseguido superar a barreira das 200 cadeiras, ele poderia conquistar uma maioria de dois terços da Câmara Baixa (317 deputados) com um pacto com o aliado centrista Novo Komeito, que ficou em quarto lugar, com 35 cadeiras.

A maioria de dois terços permite a Abe aprovar leis mesmo se o Senado for contra, apesar de a câmara alta também estar nas mãos de seu partido. A vitória do PLD de Abe não é uma surpresa, uma vez que a oposição se apresentou dividida nestas eleições, que considerou desnecessárias, e seria difícil romper a supremacia do partido governante.

Segundo o NHK, o Partido Democrático do Japão (PDJ, centro-esquerda) obteve entre 73 e 75 cadeiras, abaixo das 100 que esperava. O Partido da Inovação ficou em terceiro, com 39 cadeiras. Mais de 105 milhões de japoneses foram convocados às urnas, mas a participação superou levemente os 50%. O índice de abstenção foi de 48%, sete pontos acima da abstenção recorde de dezembro de 2012. "É uma lástima. A abstenção já era historicamente elevada, gostaríamos de tê-la reduzido", lamentou Abe.

Economia como prioridade

O chefe de governo, que também foi reeleito deputado por Yamaguchi (oeste), percorreu 14.000 quilômetros em campanha nas últimas duas semanas, evitando assuntos sensíveis, como a reativação das centrais nucleares e a reinterpretação da Constituição pacifista.

"A coalizão obteve a maioria. Cabe a ela, agora, atender às expectativas dos eleitores com humildade", declarou Abe na noite deste domingo, com uma modéstia pouco habitual. O premier havia garantido que, com a antecipação das eleições, queria pedir a opinião da população sobre sua política "Abenomics", inicialmente encarregada de colocar a economia japonesa nos trilhos.

Quando foi colocada em prática, há dois anos, a estratégia apresentou, num primeiro momento, resultados positivos, como a queda do iene e a recuperação dos preços, após anos de estancamento. Mas o Japão acabou entrando em recessão no terceiro trimestre de 2014. "A vitória reforçará o capital político de Abe e lhe permitirá lidar com os temas mais arriscados de forma mais cômoda", avalia o professor de política da Universidade de Niigata Yoshinobu Yamamoto.



"A economia é prioridade, mas também quero reforçar o papel diplomático do Japão e garantir a sua segurança", disse o premier. A questão é saber se um novo governo de Abe poderá levar adiante as reformas estruturais prometidas, mudanças difíceis, mas que o Executivo considera indispensáveis para impulsionar uma recuperação econômica sustentável.

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