postado em 15/12/2014 06:00
Israel vai às urnas em março, antecipadamente, com a sociedade imersa em um debate de longo alcance existencial sobre a natureza do país construído nas últimas seis décadas. No centro da campanha, estará um projeto de lei que altera a definição constitucional do Estado ; e que dividiu o governo de coalizão chefiado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanytahu. Para emendar o texto atual, que estabelece um ;Estado judaico e democrático;, a proposta que levou à demissão do gabinete e à dissolução da Knesset (parlamento) define Israel como ;Estado nacional do povo judeu;. Cerca de 20% dos cidadãos israelenses não seguem o judaísmo, e muitos deles temem que se institucionalize um status de ;cidadãos de segunda classe;. Os defensores da ideia asseguram que os direitos civis de toda a população serão resguardados, reservando aos judeus ;direitos nacionais;, como bandeira, hino, feriados e língua oficial.Na última semana, os deputados aprovaram a dissolução da Knesset e marcaram para 17 de março a eleição do parlamento que decidirá sobre o projeto de Netanyahu, que se mostra determinado a lutar pela aprovação: a nova definição de Israel é condição imposta pela ultradireita nacionalista e religiosa para manter a aliança. ;Sem essa lei, adeus à coalizão;, ameaçou o ministro da Economia, Naftali Bennett, do partido Lar Judeu, vinculado à colonização judaica nos territórios palestinos. A posição do premiê se consolidou após dois de seus ministros protagonizarem duras críticas à lei e orientarem as respectivas bancadas a votarem contra o projeto. Como resultado, foram demitidos o titular das Finanças, Yair Lapid, e a da Justiça, Tzipi Livni, ambos centristas. A legenda de Livni aliou-se ao Partido Trabalhista para enfrentar nas urnas o bloco direitista que tem por núcleo o Likud, partido de Netanyahu.
Adversários da proposta direitista argumentam que a mudança ameaça comprometer a Declaração de Independência de 1948 e promover a ideia de um Estado excludente. ;O projeto vai prejudicar o país em casa e fora, e vai corroer os princípios democráticos do Estado de Israel;, alertou o ex-presidente Shimon Peres, que acusa Netanyahu de promover a alteração por interesses políticos. Representantes dos Estados Unidos e da União Europeia que anunciaram preocupação com a proposta de lei e ressaltaram exatamente esse ponto em seus comunicados. ;Esperamos que Israel mantenha os princípios democráticos;, defendeu um porta-voz do Departamento de Estado americano à imprensa.
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