Agência France-Presse
postado em 15/12/2014 13:45
Ainda não se sabe se o sequestrador de Sydney é um "lobo solitário" ou membro de uma formação menor, mas ele parece seguir à risca as diretrizes dadas pelos grupos jihadistas, ou seja, passar à ação em seu país de residência fazendo estardalhaço.Em relação à tomada de reféns da cafeteria Lindt de Sydney, onde o sequestrador fez questão estender a bandeira utilizada pelos movimentos jihadistas em uma janela, Nick O;Brien - especialista em terrorismo da universidade australiana Charles Sturt - afirmou que o autor da ação pode ter se inspirado em publicações do Estado Islâmico (EI).
Para o professor Clive Williams, da Universidade Nacional Australiana, "a maioria dos rapazes está sendo incentivada a passar à ação por conta própria, já que o EI sabe que, se houver a formação de um grupo, existem grandes possibilidades de que sejam detectados".
Há anos a Al-Qaeda, e mais recentemente o EI, tentam convencer os candidatos a jihadistas de que devem se unir a uma "terra da Jihad" e lançar ataques contra "infiéis, militares, policiais e, inclusive, civis".
Em setembro, o porta-voz do EI, Abu Mohamed al-Adnani, convocou, em mensagem postada na internet, "os fiéis a participarem da batalha, vivam onde viverem".
"Se puderem matar um infiel americano ou europeu - especialmente os sujos e malignos franceses -, ou um australiano, canadense ou qualquer outro cidadão dos países que entrarem na coalizão contra o Estado Islâmico, então acreditem em Alá e os matem de qualquer forma", afirmou.
Lista de alvos
Desde 2010, na revista jihadista em inglês, "Inspire", publicada no Iêmen pela facção local da Al-Qaeda, o americano convertido ao Islã, Adam Gadahn, fala "dos deveres da Jihad individual". E, em um vídeo intitulado "Vocês são responsáveis por vocês mesmos", assegura: "Os muçulmanos no Ocidente devem saber que estão perfeitamente em posição de desempenhar um papel decisivo na Jihad contra os sionistas e os cruzados. Então, o que estão esperando?".
As publicações jihadistas on-line divulgaram diversos os manuais de fabricação de bombas artesanais ("Como montar uma bomba na cozinha de sua mãe") e as listas dos alvos, em primeiro lugar, os militares ocidentais seguidos dos políticos e dos lugares que são símbolo de poder nos Estados Unidos e em seus países aliados.
Adnani também diz que os jihadistas não devem se preocupar em diferenciar entre civis e militares. "É legal para um muçulmano atacar os bens de um infiel e derramar seu sangue, já que seu sangue não vale mais do que de um cachorro", explica.
Depois de suas prisões, os autores de ataques isolados, como os dois homens-bomba que mataram um soldado britânica a facadas em uma rua de Londres, em maio de 2013, ou os supostos autores do atentado a bomba contra a maratona de Boston, em abril do mesmo ano, citaram estas publicações como sua fonte de inspiração.
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Esses agressores, chamados de "lobos solitários" quando agem sozinhos, têm geralmente relações com redes mais ou menos constituídas, e seu grande sonho é se unir ao movimento jihadista.
Mas, diante da dificuldade de viajar para Síria ou Iraque ou por falta de contatos necessários, decidem passar à ação no próprio país em que vivem.