Agência France-Presse
postado em 15/12/2014 17:10
Roma- O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, se reuniu nesta segunda-feira (15/12) durante três horas com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, após criticar o projeto de resolução apresentado pelos palestinos à ONU. "Não aceitamos as tentativas de nos impor medidas unilaterais num prazo determinado, enquanto o islamismo radical se propaga pelo mundo", disse Netanyahu, em declarações divulgadas pela rádio militar israelense antes que o premiê embarcasse rumo a Roma.
Os palestinos informaram que têm a intenção de apresentar nesta quarta-feira (17/12) um rascunho de texto que determinaria um prazo de dois anos para por fim a várias décadas de ocupação israelense em suas terras.
A diplomacia francesa tem feito uma série de consultas a Londres e Berlim, assim como a Washington e Amã, para tentar costurar um texto que conte com um apoio dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU.
O texto estimularia a rápida retomada das negociações entre israelenses e palestinos tomando como base uma série de grandes linhas com a coexistência pacífica de Israel e de um Estado Palestino, mas sem estipular uma data para a retirada dos territórios ocupados.
"No contexto de ausência de um processo de paz, que alimenta as tensões no terreno, é imperativo avançar rapidamente num projeto de resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas", afirmou nesta segunda-feira o porta-voz da chancelaria francesa. Paris busca também impedir que Washington esteja à frente do assunto, segundo fontes diplomáticas.
Os Estados Unidos, contudo, ainda não decidiu se apoiará ou imporá seu veto a esta iniciativa europeia, informaram autoridades norte-americanas a jornalistas que acompanham Kerry.
Veto inevitável
Segundo fontes diplomáticas, a França tenta conseguir um compromisso dos palestinos, que se mostram divididos entre os que querem ir mais rápido e os que se mostram mais construtivos.
O veto norte-americano ao projeto defendido pelos palestinos parece de fato inevitável na medida em que Washington se opõe a qualquer medida unilateral por parte dos palestinos para obter o reconhecimento de um Estado pelas Nações Unidas. Os Estados Unidos consideram que este deve ser o resultado das negociações de paz.
Sobre este assunto, um funcionário do Departamento de Estado garantiu que "impor um limite de dois anos" não é a maneira de abordar "mas questão de dificílima negociação". Netanyahu já havia descartado categoricamente neste domingo a ideia de uma retirada da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental antes de dois anos.
"Nós enfrentamos a possibilidade de um ataque diplomático, dito de outra maneira, a uma tentativa de impor através de decisões da ONU uma retirada das linhas [fronteiriças] de 1967 em um prazo de dois anos", afirmou.
Esta retirada "levaria os islamistas extremistas aos arredores de Tel Aviv e ao coração de Jerusalém", alertou o primeiro-ministro. "Não permitiremos isso. Condenamos energicamente a iniciativa e de maneira responsável", garantiu.
O secretário de Estado norte-americano multiplica atualmente suas reuniões na Europa para tentar retomar o processo de paz, assunto que abordou no domingo com seu homólogo russo, Serguei Lavrov.
Antes de viajar a Londres, onde se reunirá com o chefe dos negociadores palestinos, Saeb Erakat, e com o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el Arabi, Kerry se reunirá em Paris com seus colegas francês, inglês e alemão, assim como com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.