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Vaticano se reconcilia com religiosas americanas rebeldes

No texto final, a hierarquia da Igreja evita confrontos e controvérsias com as religiosas feministas

Agência France-Presse
postado em 16/12/2014 15:07
Cidade do Vaticano- O Vaticano se reconciliou com as religiosas rebeldes americanas a quem recriminava por suas posições muito liberais, segundo relatório apresentado nesta terça-feira (16/12) depois de três anos de investigações.

No texto final, fruto de uma série de visitas realizadas entre 2009 e 20012, a hierarquia da Igreja evita confrontos e controvérsias com as religiosas feministas, principalmente em relação a temas como controle de natalidade, aborto e eutanásia.

Com tom positivo e aberto, o relatório da Congregação para a Vida Consagrada, assinado pelo cardeal brasileiro João Braz de Aviz e pelo arcebispo espanhol José Rodríguez Carballo, propõe às religiosas rebeldes que façam sua própria avaliação, uma espécie de autocrítica, para conseguir uma "maior hegemonia com o ensino católico sobre Deus e a criação".

O Vaticano pede que também revisem seus programas de formação "para garantir uma sólida preparação teológica, cultural e humana, sem incentivar o autoritarismo ou a submissão cega".

O documento, cheio de palavras como perdão e diálogo, pede às religiosas que respeitem a diferença entre vocação religiosa e vida laica consagrada e recorda a importância de usar o hábito.

Durante uma coletiva de imprensa, a diretora sóror Mary Clare Millea e duas representantes das religiosas americanas, da Conferência de Mulheres Religiosas (LCWR), sóror Sharon Holland, e sóror Agnes Mary Donovan (Cmswr, grupo menos liberal) classificaram o documento como "realista e aberto a ouvir o outro".



"Não são críticas ou simples recomendações. É um relatório realista e corajoso. Retoma as palavras do papa Francisco sobre a necessidade de uma maior presença feminina dentro da Igreja", comentou Holland, presidente da rebelde LCWR, entidade que representa 80% das freiras católicas dos Estados Unidos (aproximadamente 57.000).

Em 2012, a Congregação para a Doutrina da Fé, a pedido do então papa Bento XVI, ordenou uma reforma da organização. O Vaticano criticava as freiras do grupo por não defender o direito à vida desde sua concepção até sua morte natural e considerava suas posições de viés feminista radicais e incompatíveis com os ensinamentos da Igreja.

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