Agência France-Presse
postado em 17/12/2014 21:05
Havana - "É uma grande notícia, um dia histórico", disse à AFP a bancária Amelia Gutiérrez, que se emocionou quando viu o presidente Raúl Castro anunciar na televisão que Cuba e Estados Unidos iriam normalizar suas relações depois de mais de meio século."Todo mundo está feliz. Cuba e Estados Unidos são países vizinhos, não há motivo para não se entenderem", resumiu Amelia, de 28 anos, grávida de sete meses.
A mulher, que também é uma cristã fervorosa, mostrou sua alegria pelo filho que espera e que "não terá de viver em um ambiente de tensão que caracterizou as relações entre os países durante os últimos 50 anos".
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"Se as coisas vão melhorar mais rápido, ou devagar, isso só Deus sabe, mas já é um grande passo", apontou a funcionária do Banco Metropolitano de Havana.
A normalização dos vínculos entre Cuba e Estados Unidos, sem relações diplomáticas desde 1961, foi anunciada nesta quarta-feira simultaneamente em Havana e em Washington pelos presidentes Raúl Castro e Barack Obama, respectivamente.
O cozinheiro Ernesto Pérez, de 52, que trabalha em uma das cafeterias de Havana Velha, diz ter-se arrepiado quando leu o anúncio pelo celular.
"É uma notícia muito importante, que mudará a vida de todos nós. Acredito que tudo vai mudar, e muitas coisas serão para melhor", comentou Pérez, afirmando que "isso deveria ter acontecido há muito tempo".
Da mesma forma que o cozinheiro, o estudante Marlon Torres, de 16 anos, espera que a novidade também beneficie a ilha economicamente.
"Poderá abrir muitas portas, especialmente no que diz respeito ao comércio entre os países, que são vizinhos muito próximos", disse Torres, que é parte dos 7,7 milhões de cubanos - em uma população de 11,1 milhões - que viveram toda sua vida sob o embargo que Washington impôs à ilha em 1962.
Raúl Castro também anunciou a libertação de três agentes cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998, do funcionário terceirizado americano Alan Gross, detido na ilha desde 2009, e de um espião de mesma nacionalidade e de origem cubana, cujo nome não foi revelado.
"É com uma alegria imensa que esses três homens poderão se reunir com suas famílias em Cuba. Já era hora", disse à AFP Bertha Pérez, de 58 anos, bibliotecária da Casa Simón Bolívar de Havana Velha.
Alguns, como o diretor da revista OnCuba, o empresário cubano-americano Hugo Cancio, de 50 anos, não deixaram de se surpreender, ainda que já estivessem cientes de que o presidente Obama estava, há algum tempo, trabalhando o tema e que "iria anunciar uma série de medidas antes de que o ano terminasse".
"Alguns de nós trabalhamos muito duro por muitos anos para fomentar a mudança política entre Cuba e Estados Unidos, e hoje é um grande dia, um dia histórico, o começo de um novo sonho, uma nova oportunidade para todos os cubanos", disse Cancio em um e-mail enviado à AFP.