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Estado Islâmicos derruba avião jordaniano na Síria e captura o piloto

O braço do EI em Raqa, "capital" do grupo extremista que controla amplas áreas no Iraque e na Síria, publicou em páginas da internet imagens de seus combatentes com o refém

Agência France-Presse
postado em 24/12/2014 13:44
Beirute - O grupo Estado Islâmico (EI) derrubou nesta quarta-feira (24/12) um avião militar jordaniano pertencente à coalizão internacional anti-jihadista no norte da Síria e capturou o piloto.

Parentes do piloto que foi capturado pelas forças do Estado islâmico se reúnem

A Jordânia confirmou a queda de um de seus aviões "durante uma missão militar executada na manhã desta quarta-feira por vários aviões da Força Aérea contra refúgios da organização terrorista EI na região síria de Raqa", informou uma fonte do comando-geral das Forças Armadas jordanianas citada pela agência Petra.

"Uma de nossas aeronaves caiu e o piloto foi feito refém", informou a fonte. O piloto seria Maaz al-Kassasbeh, um subtenente de 26 anos, que sobreviveu à queda de sua aeronave, supostamente um F-16.

O braço do EI em Raqa, "capital" do grupo extremista que controla amplas áreas no Iraque e na Síria, publicou em páginas da internet imagens de seus combatentes com o refém.

Uma das fotos mostra o piloto, vestido apenas com uma camisa branca e levado por quatro homens que o tiraram da água. Em outra foto, o piloto é visto em terra, cercado por homens armados.

Abaixo da foto da imagem divulgada pelo EI, uma frase afirma que o avião foi derrubado por um míssil terra-ar equipado por um detector infra-vermelho, que permite detectar forças de calor (no caso, o reator do avião).

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Para Rami Abdel Rahmane, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o avião foi abatido por um míssil terra-ar, "possivelmente de fabricação russa roubado dos rebeldes".

Eliot Higgins, especialista no armamento usado no conflito, confirma que o EI possui mísseis de fabricação russa e chinesa, entre os quais o mais utilizado é o Sam-7 russo, carregado no ombro. O jovem piloto acabou de sair da escola da Aeronáutica e se casou recentemente, segundo o site jordaniano Saraya.

Seu pai, Yusef al-Kasabeh, afirmou que o almirante da Aeronáutica jordaniana garantiu que o monarca do país comanda pessoalmente os esforços para o resgate de seu filho.

Nael Mustafah, um militar presente em Raqa, disse à AFP que os jihadistas estão divididos sobre o destino do refém. "Os chechenos querem matá-lo, enquanto os iraquianos querem mantê-lo com vida. Há discussões entre eles sobre quem deve dar as ordens", explicou.

Segundo este militar, a decisão será tomada pelo Conselho Consultivo, uma instância com representação de todas as nacionalidades presentes no EI.

A queda do avião acontece três meses após o início dos ataques da coalizão internacional na Síria, e mais de um mês depois do lançamento de uma campanha similar no Iraque.

Os Estados Unidos, que dirigem a coalizão, realizaram 85% das incursões aéreas na Síria, que matou milhares de jihadistas, de acordo com o OSDH, e obrigaram o EI a recuar na cidade sírio-curda de Kobane, no norte do país.

Além de Estados Unidos e Jordânia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein também participam nos ataques na Síria. Austrália, Bélgica, Reino Unido, Canadá, Dinamarca, França e Holanda fazem parte dos bombardeios no Iraque.

No Iraque, um atentado suicida matou nesta quarta-feira 26 combatentes que lutam contra o grupo Estado Islâmico ao sul de Bagdá, informaram as autoridades.

O ataque, que também deixou 56 feridos, aconteceu perto de uma base militar na região de Madaen, onde membros das milícias anti-jihadistas Sahwa estavam reunidos para receber seus salários. O atentado não foi reivindicado, mas esse tipo de ação é similar aos ataques dos jihadistas sunitas, principalmente do grupo EI.

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