Agência France-Presse
postado em 28/12/2014 12:45
Nouakchott - Os advogados de um jovem mauritano muçulmano detido há quase um ano por um texto considerado blasfemo e condenado à morte nesta semana por apostasia em Nuadibu (noroeste da Mauritânia) apresentaram uma apelação, indicou uma fonte judicial neste domingo.Os advogados de Mohamed Sheikh Uld Mohamed apresentaram um recurso na sexta-feira ao Tribunal de Apelações de Nuadibu, a cidade onde ele está detido desde 2 de janeiro, informou esta fonte, que pediu o anonimato, interrogada no local.
Na primeira audiência, um juiz lembrou que o jovem era acusado de apostasia "por ter falado com frivolidade sobre o profeta Maomé" em um artigo publicado brevemente em sites da Mauritânia. No texto discutia as decisões tomadas pelo profeta Maomé durante as guerras santas, segundo a mesma fonte judicial.
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Além disso, o jovem acusava a sociedade mauritana de perpetuar uma "ordem social injusta herdada" desta época.
Antes e durante seu processo, este jovem, de quase 30 anos, manifestou seu arrependimento, mas negou as acusações contra si, segundo fontes judiciais.
No entanto, uma fonte vinculada ao Ministério Público de Nuadibu colocou em xeque a sinceridade do arrependimento manifestado por Uld Mohamed, também identificado como Cheikh Uld Mohamed Uld Mjeitir.
"O acusado não manifestou um arrependimento na forma correta. Um arrependimento de forma condicional não o é diante da lei", disse esta fonte à AFP neste domingo.
A Mauritânia é uma república islâmica onde a sharia (lei islâmica) está vigente, embora a pena de morte ou as flagelações não sejam aplicadas há três décadas. Segundo a Anistia Internacional, a última execução ocorreu em 1987.