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Presidente afegão pede para exército defender país após saída da Otan

O novo ano marcou o fim das operações de combate da Otan no país, que serão substituídas por uma missão de treinamento e apoio

Agência France-Presse
postado em 01/01/2015 12:31
O presidente Ashraf Ghani pediu nesta quinta-feira que o exército e a polícia afegãos defendam o país, horas após 20 pessoas morrerem em um festa de casamento atingida por um foguete durante confrontos entre as forças de ordem e os talibãs, coincidindo com a partida da Otan. "Gostaria de felicitar a nação afegã, já que hoje nossas forças de segurança conseguiram defender a soberania (do Afeganistão) e têm a responsabilidade completa de sua segurança", afirmou o presidente.

[SAIBAMAIS]Ghani, que não mencionou as recentes mortes, disse que as forças armadas agora estavam sozinhas a cargo da segurança do país, que luta contra uma forte insurgência. O novo ano marcou o fim das operações de combate da Otan no país, que serão substituídas por uma missão de treinamento e apoio, para a qual cerca de 17.000 soldados estrangeiros, em sua maioria americanos, seguirão mobilizados no Afeganistão.

"Nos últimos 13 anos, devido aos problemas da região e do mundo, esta segurança foi uma responsabilidade compartilhada. Agora pertence apenas aos afegãos. Mas não estamos sozinhos, temos nossos aliados, com os quais seguiremos trabalhando", acrescentou. Funcionários da província de Helmand, no sul, disseram que havia investigadores viajando ao local da tragédia para esclarecer o motivo pelo qual um foguete caiu em meio a uma festa de casamento.

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Na noite de quarta-feira, 20 pessoas morreram no ataque, entre elas muitas crianças, e ao menos 50 ficaram feridas na explosão ocorrida no distrito de Sangin, reduto talibã onde as tropas de Estados Unidos e Grã-Bretanha lutaram por vários anos. Os talibãs divulgaram um comunicado acusando as tropas afegãs do incidente.

"Na noite passada, as forças de segurança fantoches lançaram disparos de morteiro de várias direções contra um casamento. Condenamos este brutal e covarde ataque", afirmam no documento. Karem Atal, responsável do município de Helmand, também culpou o exército afegão.

Os talibãs comemoraram o fim da missão de combate da Otan, e acrescentaram que não haverá negociações de paz até que todas as tropas estrangeiras tenham deixado o país. Eles também afirmaram que o fim da missão de combate da Otan no Afeganistão é uma derrota e uma decepção para a coalizão internacional.

"Consideramos esta etapa como uma indicação clara de sua derrota e sua decepção", disseram os talibãs nesta semana em um comunicado em inglês. "Os Estados Unidos e seus aliados invasores, assim como todas as organizações internacionais arrogantes, sofreram uma derrota evidente nesta guerra assimétrica", acrescentou o comunicado dos insurgentes, que acusam a Otan de ter afundado o país em um banho de sangue.

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