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Ex-ditador guatemalteco enfrenta novo julgamento por genocídio

Paralelo ao novo julgamento, ex-militar mantém uma batalha legal para que a justiça conceda a ele a anistia concedida a militares e insurgentes em 1986

Agência France-Presse
postado em 05/01/2015 11:10
Cidade da Guatemala- O ex-ditador Efraín Ríos Montt, que governou a Guatemala com mão de ferro entre 1982 e 1983, se apresentou nesta segunda-feira (5/1), de maca, a um tribunal para enfrentar um novo julgamento pelo genocídio de indígenas maias durante seu regime de fato.

O Tribunal de Maior Risco B, a cargo da juíza Jeannette Valdez, ordenou ao general reformado de 88 anos se apresentar após rejeitar um pedido da defesa para permitir que se ausentasse devido a problemas de saúde.

Ríos Montt foi conduzido por paramédicos em uma ambulância e chegou ao lado da filha, a ex-deputada Zury Ríos, à sala de audiência em uma maca, com o rosto coberto. No entanto, o início do julgamento foi atrasado em várias horas devido aos recursos interpostos pela defesa para afastar a juíza Valdez do caso, por considerar que ela tem uma "opinião parcial".

O ex-ditador tinha sido condenado, em maio de 2013, por outro tribunal, a 80 anos de prisão pelo crime de genocídio, por ter sido considerado culpado do massacre de 1.771 indígenas maias-ixiles no norte do país, durante o regime que comandou, de março de 1982 a agosto de 1983.

No entanto, a Corte de Constitucionalidade (CC), a mais alta instância judicial da Guatemala, anulou a sentença, ao considerar que foram cometidos erros durante o processo e ordenou a repetição do julgamento. Além de Ríos Montt, também é julgamento seu ex-chefe de inteligência militar, José Mauricio Rodríguez, absolvido do primeiro processo.

Nos dias anteriores ao início das audiências, a defesa do militar pediu que a juíza encarregada do caso fosse afastada por ter escrito, em 2004, uma tese sobre o genocídio. A ação contra a juíza foi considerada por ativistas dos direitos humanos uma estratégia da defesa para atrasar o início do processo e que os massacres se mantenham impunes.



Paralelo ao novo julgamento, ex-militar mantém uma batalha legal para que a justiça conceda a ele a anistia concedida a militares e insurgentes em 1986, aplicável a delitos durante a guerra de 1982. Para as organização de Direitos Humanos, há provas contundentes para demonstrar a culpa do ex-ditador no extermínio dos indígenas.

O regime de fato de Ríos Montt é considerado o mais sangrento da guerra civil que viveu a Guatemala entre 1960 e 1996, e que deixou 200.000 mortos e desaparecidos, segundo a ONU.

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