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Hollande reconhece liberdade dos gregos, mas pede que respeitem compromisso

Em uma entrevista, o presidente se colocou na ofensiva tanto em temas de política interna como externa, a fim de superar sua impopularidade e reconquistar o eleitorado francês

Agência France-Presse
postado em 05/01/2015 15:37
'Os gregos são livres para escolher o seu destino', declarou Hollande durante coletiva
Paris-
O presidente francês, François Hollande, afirmou nesta segunda-feira (5/1) que os gregos, que votarão nas eleições legislativas de janeiro, são "livres para escolher o seu destino", mas que o governo terá que "respeitar os compromissos assumidos pelo país".

Em uma entrevista de duas horas à rádio France Inter, o presidente se colocou na ofensiva tanto em temas de política interna como externa, a fim de superar sua impopularidade e reconquistar o eleitorado francês.

[SAIBAMAIS]"Os gregos são livres para escolher o seu destino, mas, ao mesmo tempo, assumiram compromissos. Evidentemente, tudo isso terá que ser respeitado", declarou Hollande ao evocar uma possível vitória do partido de esquerda radical Syriza nas eleições legislativas previstas para 25 de janeiro.

"No que se refere à permanência da Grécia na zona do euro, a decisão corresponde somente à Grécia", afirmou o presidente francês, ressaltando que não compete a ele emitir qualquer consideração a respeito.

Trata-se de uma reação às informações publicadas no domingo pela revista alemã Der Spiegel, segundo o qual a chanceler alemã, Angela Merkel, considera inevitável a saída da Grécia da zona do euro, caso o Syriza ganhe as eleições e decida abandonar a austeridade fiscal, optando pela reestruturação da dívida.

Merkel não confirmou nem desmentiu essas informações, mas os social-democratas, membros da coalizão governamental alemã, criticaram publicamente a chanceler por essa posição. Hollande anunciou que se reunirá no próximo domingo em Estrasburgo com Angela Merkel para "falar do futuro da Europa".

"O encontro é, na verdade, uma iniciativa do presidente do Parlamento Europeu", explicou o social-democrata alemão Martin Schulz. Hollande referiu-se ainda às tensões com a Rússia, afirmando que se houver avanços em relação ao conflito na Ucrânia, as sanções ocidentais contra Moscou poderão ser suspensas.

O presidente francês assistirá no dia 15 de janeiro em Astana (Cazaquistão) a uma reunião sobre o conflito no leste da Ucrânia entre o poder central e os separatistas pró-russos. Nessa reunião, anunciada pelo presidente ucraniano Petro Poroshenko, estarão também seu homólogo russo, Vladimir Putin, e Angela Merkel. "Vou a Astana 15 de janeiro com uma condição: que possa haver novos avanços", disse Hollande.

Defesa das reformas

Em matéria de política interna, François Hollande "assumiu" sua responsabilidade em relação ao aumento do desemprego, mas defendeu sua política econômica e social, apostando no crescimento para superar a crise. "Farei o que eu puder para que o crescimento seja o mais alto possível, para que tenhamos mais de 1% de crescimento", disse.

O presidente reconheceu sua responsabilidade no aumento do desemprego, que não para de aumentar ano a ano na França. "Eu assumo a minha responsabilidade", disse Hollande, depois de ouvir o relato de vários desempregados.

Ele argumentou, contudo, que sua política não se limita a um "tratamento social" do desemprego e afirmou que as reformas que seu governo aplica são necessárias para "criar emprego de forma sustentável".

"A questão não é saber por que a política do início do seu mandato não funcionou, mas fazer com que ela possa funcionar daqui por diante, e o mais rápido possível", afirmou.



Reforçando que é um presidente que "assume riscos", Hollande defendeu as reformas de seu governo, criticadas inclusive em seu próprio campo, em particular a chamada lei Macron (pelo nome do ministro da Economia, Emmanuel Macron), que entre outras coisas amplia a jornada de trabalho e liberaliza várias profissões.

"Fui eleito para a mudança. Mudarei tudo que prejudique, impeça ou freie a igualdade e o progresso", disse Hollande. O presidente reiterou sua promessa de não aumentar os impostos em 2015, mas advertiu que também não está prevista uma queda da tributação.

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