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Ex-ministro do Interior, Habib Essid é nomeado premiê da Tunísia

O partido laico vencedor das eleições de outubro, Nidá Tunis, tinha proposto o nome de Habib Essid ao presidente Essebsi

Agência France-Presse
postado em 05/01/2015 16:14
Tunes- O presidente tunisiano, Beji Caid Essebsi, encarregou esta segunda-feira (5/1) o ex-ministro do Interior recém-nomeado premiê, Habib Essid, de formar o novo governo.

"Tive a honra de ser recebido pelo presidente, que me encarregou de formar o governo da segunda República", disse à imprensa, no Palácio presidencial, em Túnis, Essid, que ocupou vários cargos durante a ditadura de Ben Ali. "As consultas com os partidos e com a sociedade civil vão começar", acrescentou, sem dar maiores detalhes.

O partido laico vencedor das eleições de outubro, Nidá Tunis, tinha proposto o nome de Habib Essid ao presidente Essebsi. O vice-presidente do partido e presidente do Parlamento, Mohamed Ennaceur, justificou a nomeação de uma personalidade "independente" que não faz parte do Nidá Tunis, pelas "competências e a experiência" de Essid e, em particular, "seu conhecimento sobre o tema da segurança".

Ennaceur, no entanto, admitiu que a decisão tinha provocado certo rebuliço no partido, pois alguns responsáveis teriam preferido um político de seu partido para liderar o governo. Habib Essid, de 65 anos, foi ministro do Interior de Caid Essebsi, então primeiro-ministro, logo após a revolução que depôs, em janeiro de 2011, o presidente Zine El Abidine Ben Ali.

Em seguida, foi conselheiro de assuntos de segurança do premiê islamita Hamadi Jebali. Antes, com Ben Ali, no poder desde 1987, Essid foi chefe de gabinete do ministro do Interior e secretário de Estado do Meio Ambiente.

Habib Essid terá agora um mês (renovável uma vez) para formar e apresentar seu gabinete, que deverá ter a aprovação do Parlamento.

Ennahda, disposto a cooperar


O partido islamita Ennahda, segunda força política do país, com 69 cadeiras na Assembleia, informou à AFP que avalia "positivamente a nomeação" de Essid e que está disposto "a cooperar plenamente" com ele.

"Tínhamos uma postura de princípio antes das eleições, segundo a qual estávamos a favor de um governo de união nacional [...] Se o chefe do governo nomeado nos fizer uma proposta neste sentido, ficaríamos contentes em debatê-la", declarou o porta-voz do Ennahda, Zied Ladhari, destacando que seu partido tinha sido "consultado" sobre a eleição de Essid.

Ennaceur só mencionou ter consultado três partidos, entre eles a União Patriótica Livre (UPL) e Afek Tunis, terceira e quinta forças na Assembleia. A nomeação de Essid demonstra, segundo o professor de História contemporânea, Abdelattif Hannechi, a "importância da questão de segurança para o novo governo".



O país enfrenta desde a revolução de 2011 a ascensão de um movimento jihadista, responsável pela morte de 60 membros das forças de segurança. O futuro governo também terá que enfrentar os problemas do desemprego e da pobreza, quatro anos após a Primavera Árabe, um movimento provocado, em grande parte, pela miséria e pela marginalização.

Alguns tunisianos se disseram decepcionados pela nomeação de Essid, pois temem que concentre seu trabalho em questões de segurança e lamentam seus vínculos com o antigo regime. Outros, como a edição digital da revista ;Leaders;, consideraram, no entanto, que se trata de uma eleição "consensual" e que Essid tem "um perfil especializado para a próxima etapa".

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