Mundo

Testemunha relata 'horror' do ataque ao jornal francês Charlie Hebdo

Laurent Léger participava da reunião de pauta quando dois homens armados com fuzis de assalto entraram no Charlie Hebdo

Agência France-Presse
postado em 08/01/2015 21:10
Laurent Léger participava da reunião de pauta quando dois homens armados com fuzis de assalto entraram no Charlie Hebdo
"Ainda me pergunto como escapei", disse nesta quinta-feira um dos raros sobreviventes do ataque em Paris contra a sede do jornal satírico Charlie Hebdo, que se salvou do massacre entrando debaixo de uma mesa.

Repórter do jornal, Laurent Léger participava da reunião de pauta, na quarta-feira, quando dois homens armados com fuzis de assalto entraram no Charlie Hebdo, onde executaram 12 pessoas.

"Eles atiraram a esmo, simplesmente", disse Léger à Rádio France Info, desmentindo a informação de que os dois atiradores perguntaram os nomes das pessoas antes de disparar.

"Vi um homem encapuzado, e depois muito sangue... Vi a metade da redação caída. Ainda me pergunto como consegui escapar... Foi um horror".

Entre os doze mortos estão os chargistas Charb, Wolinski, Cabu, Tignous e Honoré, e o jornalista especializado em economia Bernard Maris.

"Estávamos no final da reunião de pauta e de repente ocorreram pequenas detonações, depois a porta se abriu em um homem entrou gritando ;Allah Akbar; (Alá é grande)", contou Léger.

"Parecia um agente do GIGN ou do Raid (unidades de elite da polícia), encapuzado, todo de preto, e com uma arma que segurava com as duas mãos. Então começou a atirar, depois veio o cheiro de pólvora... Me joguei debaixo da mesa e consegui escapar da sua visão, e os colegas do jornal caíram".

"Tudo aconteceu muito rápido (...). Vi os outros no chão, o barulho dos tiros e depois veio o silêncio. Corremos em direção aos feridos e segurei a mão do nosso webmaster", que estava em estado muito grave.

Os integrantes do jornal, especialmente seu diretor, Stéphane Charbonnier ("Charb"), sabiam da ameaça terrorista desde a publicação, em 2006, das caricaturas do profeta Maomé. "Charb se sentia mais ameaçado que os demais...", revelou Léger, que está determinado a publicar uma nova edição do jornal na próxima semana. "Vamos fazer qualquer coisa. Isto é importante".

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação