Agência France-Presse
postado em 11/01/2015 15:15
O partido francês de extrema direita Frente Nacional, que se considerou "proibido de ficar" na marcha parisiense contra o terrorismo, foi às ruas neste domingo em uma pequena cidade no sul da França. Na véspera, seu fundador, Jean-Marie Le Pen, recusou-se a se solidarizar com o movimento #JeSuisCharlie, que tomou conta do país e se espalhou pelo mundo.Sua filha, Marine Le Pen, atual presidente da FN, denuncia há vários dias a "exclusão" de seu partido da chamada "marcha republicana", que reuniu mais de um milhão de manifestantes em Paris, neste domingo, em homenagem às 17 vítimas dos atentados na França esta semana.
[SAIBAMAIS]Ao convocar a passeata, o presidente francês, François Hollande, declarou, porém, que "todos os cidadãos" estavam convidados a participar. Neste domingo, Marine Le Pen foi ovacionada por cerca de mil pessoas reunidas em Beaucaire, cidade de 16 mil habitantes no sul do país, desde março nas mãos de uma liderança eleita da Frente Nacional.
"Obrigada por estarem aqui para lembrar dos valores da liberdade", lançou a presidente da FN, em uma breve declaração da varanda do hotel da cidade, de onde podia-se ler uma faixa com a frase "Eu sou Charlie - Homenagem às vítimas do terrorismo islâmico". "Estamos em nossa casa", respondiam seus simpatizantes.
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Repórteres da AFP presenciaram momentos de tensão, depois da manifestação, entre membros da comunidade muçulmana e partidários de Marine Le Pen. "Eu, lamento muito, não sou Charlie", declarou Jean-Marie Le Pen, em um vídeo sobre os "inimigos da FN".
Dizendo-se "tocado" pela morte de "compatriotas", ele atacou, contudo, "o espírito anarco-trotskysta" do semanário Charlie Hebdo, "dissolvente da moralidade política". Le Pen escolheu o momento do início da grande marcha parisiense contra o terrorismo para anunciar sua candidatura, como número um da lista da Frente Nacional, às eleições regionais no sul da França.