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Meninas voltam para casa após escapar da mutilação genital na Tanzânia

A ministra de Trabalho e Emprego, Gaudensia Kabaka, pediu que os líderes tradicionais utilizem sua influência para deter esta prática retrógrada

Agência France-Presse
postado em 12/01/2015 12:03
Centenas de meninas tanzanianas voltaram para casa nesta segunda-feira depois de passar três meses escondidas em casas de acolhida para escapar da mutilação genital, anunciou a rede de televisão estatal.

Cerca de 800 estudantes foram acolhidas em refúgios administrados por organizações beneficentes e pela igreja durante os meses em que tradicionalmente se pratica a ablação genital feminina, uma operação que pode ir da extração do clitóris à mutilação de todo o aparelho genital.

Alguns dos refúgios contaram com presença policial para garantir a segurança das meninas. Algumas explicavam que se esconder nestas casas é a única forma de escapar da mutilação.

"Minha mãe me apoia e não quer que me cortem, mas meu pai começou a me espancar, então decidi vir para cá", contava uma das meninas entre lágrimas.

Os ativistas denominam esta operação de mutilação, em vez de circuncisão feminina, para deixar claro os riscos que ela representa.

Para além da intensa dor que provoca, a ablação pode gerar sangramentos e infecções no curto prazo, e infertilidade e complicações durante o parto, que em alguns casos pode significar a morte do bebê, no longo prazo.

A ministra de Trabalho e Emprego, Gaudensia Kabaka, pediu que os líderes tradicionais utilizem sua influência para deter esta prática retrógrada.



A mutilação genital feminina foi proibida na Tanzânia em 1998 e punida com 15 anos de prisão, mas continua sendo praticada regularmente, especialmente no norte e no centro do país, de forma secreta, precária e sem anestesia.

Em novembro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou uma campanha global com o objetivo de acabar com esta prática em uma geração.

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