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Afeganistão nomeia governo mais de 3 meses após a posse de Ghani

Ghani tomou posse em setembro, depois de assinar um acordo para compartilhar o poder com seu adversário nas eleições, Abdulah Abdulah

Agência France-Presse
postado em 12/01/2015 15:46
Cabul, Afeganistão - O presidente afegão, Ashraf Ghani, nomeou nesta segunda-feira um novo governo, três meses depois de vencer as eleições presidenciais em meio a acusações de fraude.

A lista dos 25 novos ministros do "governo de unidade nacional" foi lida por Abdul Salam Rahimi, chefe de gabinete de Ghani, durante uma cerimônia realizada no palácio presidencial, em Cabul. O novo governo assumirá suas funções depois de receber o voto de confiança do Parlamento.

Ghani tomou posse em setembro, depois de assinar um acordo para compartilhar o poder com seu adversário nas eleições, Abdulah Abdulah. O governo de unidade nacional evitou uma incipiente guerra civil depois que os dois candidatos proclamaram a vitória nas eleições.

As longas negociações para nomear um gabinete levaram a um estancamento político que ameaça incentivar os rebeldes talibãs.

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A lista dos 25 novos ministros foi lida por Abdul Salam Rahimi, chefe de gabinete de Ghani, em uma cerimônia no palácio presidencial, em Cabul. Escolher os ministros se revelou uma tarefa complexa por causa das divisões étnicas do país.

Ghani, ex-economista do Banco Mundial, tem o apoio amplo das tribos pashtuns do sul e leste do país, enquanto Abdulah, um combatente da resistência antitalibã, tem o apoio dos tadjiques e de outras tribos do norte.

O ministério da Defesa, um posto-chave num momento em que as forças afegãs têm de assumir a retirada das tropas da Otan, foi entregue a Sher Mohammad Karimi, da etnia pashtun.

Para o ministério do Interior, foi escolhido Noorul Haq Ulumi, um pashtun mais ligado a Abdulah, enquanto para a pasta de Finanças o nome escolhido foi o de Ghulam Jailani Popal, pertencente também a este grupo étnico do sul do país, mas mais ligado ao presidente.

Entre as nomeações, há a de três mulheres, escolhidas para dirigir os ministérios da Educação Superior, Informação e Cultura e Assuntos da Mulher.


Diálogo talibã
"As nomeações de hoje vão acalmar as pessoas, que esperaram muito tempo por um novo governo, mas vai levar algum tempo para ver se de verdade é um governo melhor e menos corrupto", afirmou à AFP Haroon Mir, analista político em Cabul.

A eleição presidencial do ano passado, que deveria ser um dos fundamentos do país uma vez as forças da Otan concluíssem sua missão de 13 anos, foram marcadas por acusações de fraude e disputas pelos resultados.

A embaixada dos Estados Unidos afirmou em um comunicado que comemorava as nomeações e esperava "continuar com a estreita cooperação com o governo do Afeganistão".

Segundo as Nações Unidas, as mortes de civis no conflito no Afeganistão atingiram um novo recorde em 2014, com 10.000 pessoas mortas ou feridas, 75% delas pelos talibãs.

Hamid Karzai, presidente de 2001 até 2014, abriu caminho de diálogo com os talibãs, mas o processo fracassou em 2013.

Já Ghani afirmou que espera poder impulsionar as negociações de paz depois de décadas de conflito, enfatizando que está aberto a conversar com os rebeldes.

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