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'Vamos assistir retorno dos EUA na América Latina', diz especialista

Entrevista com Olivier Dabène, presidente do Observatório político da América Latina e do Caribe

Agência France-Presse
postado em 12/01/2015 18:38
Havana, Cuba - A aproximação entre Cuba e Estados Unidos, confirmada com a libertação de 53 presos políticos por Havana, marca o "grande retorno" de Washington à América Latina após anos de distanciamento, explicou Olivier Dab;ne, presidente do Observatório político da América Latina e do Caribe (Opalc).

Qual será o impacto para Havana do anúncio realizado em 17 de dezembro pelos presidentes americano Barack Obama e cubano Raúl Castro?

Dab;ne: Será importante, até porque se Barack Obama não pode sozinho suspender o embargo, ele pode esvaziá-lo. Por exemplo, ter retirado Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo é extremamente importante porque isso abre possibilidades novas para que Cuba seja candidata aos empréstimos do Banco Mundial. Da mesma forma, foram ampliadas as categorias da população que podem viajar e a quantia das transferências monetárias (vindas do exterior). Haverá, portanto, uma entrada considerável de dólares e isso será muito rápido. Como liquidar a revolução cubana? Abrir as transferências monetárias e as possibilidades de viagem é a melhor forma, sem dúvida.

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Para a América Latina, isso também é uma reconciliação com os Estados Unidos?

Dab;ne: Para a região é algo bem importante porque, depois de algumas décadas, falávamos muito de um afastamento crescente entre Estados Unidos e América Latina. E recentemente, o que cristalizava esse afastamento era Cuba. Os latino-americanos o transformaram em pretexto para desenvolver um regionalismo sem os Estados Unidos.

Quais as consequências comerciais e diplomáticas na América Latina que, segundo relatório recente do Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc), sofre "uma surpreendente fraqueza da diplomacia regional"?

O grande retorno de Obama nas relações inter-americanas pode significar o relançamento de um projeto comercial, a zona de livre comércio das Américas, que havia sido abandonado há uma década. A agenda de negociações comerciais será redinamizada.

Vamos assistir ao retorno triunfal dos Estados Unidos com Obama em abril no Panamá, na Cúpula das Américas. Será a reconstrução das relações inter-americanas, e tornará mais fácil para Obama reafirmar sua liderança na região, que não tem um grande líder. É uma fragilidade em relação aos anos 2008-2010, período auge da dupla Chávez e Lula, que tinha a capacidade de mediar determinados conflitos".

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