Agência France-Presse
postado em 13/01/2015 07:30
Islamabad, Paquistão - Os Estados Unidos querem reforçar sua colaboração em matéria de segurança com o Paquistão para ajudá-lo em seu combate aos insurgentes talibãs, declarou nesta terça-feira o secretário de Estado americano, John Kerry, em Islamabad. Após anos de pressões de Washington, o Paquistão lançou uma vasta operação contra o reduto talibã do Waziristão do Norte, uma região fronteiriça com o Afeganistão que se tornou o epicentro do jihadismo regional na última década. "É preciso felicitar as forças paquistanesas por suas operações no Waziristão do Norte e em outros lugares. Estas operações já estão dando seus frutos", declarou Kerry.[SAIBAMAIS]O secretário de Estado lembrou, no entanto, que "o trabalho ainda não está finalizado", razão pela qual os Estados Unidos se comprometem a reforçar sua cooperação em segurança com o Paquistão. O Paquistão reforçou sua ofensiva contra os talibãs desde o ataque a uma escola do exército em dezembro, no qual 150 pessoas morreram, 134 delas crianças. Este ataque, o mais mortífero da história do país, e os atentados que deixaram 17 vítimas na semana passada em Paris "lembram até que ponto é perigoso deixar que extremistas criem um espaço próprio a partir do qual possam operar", declarou Kerry, que visitará a escola de Peshawar nesta terça-feira.
Paquistão e Estados Unidos mantêm relações tensas no âmbito da luta contra o jihadismo. Washington acusou em várias ocasiões Islamabad de praticar um jogo duplo na guerra contra o terrorismo, ao apoiar os "bons talibãs" que combatem no Afeganistão, enquanto age contra os "maus talibãs" que enfrentam o governo paquistanês. Kerry também insistiu na importância de uma ofensiva contra todos os grupos islamitas armados, incluindo a rede Haqqani, um poderoso braço dos talibãs afegãos, que utiliza o norte do Paquistão como base de retaguarda, ou Lashkar e-Taiba, envolvida em atentados na Índia.
O chefe da diplomacia paquistanesa, Sartaj Aziz, afirmou, por sua vez, que as operações do exército destruíram completamente "a infraestrutura da rede Haqqani". A colaboração entre Paquistão e Afeganistão é considerada crucial para apaziguar a região, em um contexto de incerteza após a saída dos soldados da Otan em dezembro, após 13 anos de presença em solo afegão. A visita de Kerry coincidiu com a execução nesta terça-feira de sete insurgentes condenados à morte, elevando a 16 o número de execuções desde o levantamento em dezembro da moratória da pena capital, decidida após o massacre talibã na escola de Peshawar.
Até agora nove pessoas haviam sido executadas, às quais se somaram outras duas nesta terça-feira por seu papel em uma tentativa de assassinato do ex-presidente Pervez Musharraf (1999-2008), três por atos de violência sectária, uma por um ataque contra o consulado americano de Karachi (sul) em 2003 e uma última pelo assassinato de um advogado.