Agência France-Presse
postado em 14/01/2015 17:30
Tonenke- Os separatistas pró-russos do leste da Ucrânia deflagraram um ataque em massa com foguetes, enquanto Ucrânia e Rússia trocavam acusações pelo lançamento de um projétil contra um ônibus, causando a morte de 12 pessoas, no incidente mais letal desde a trégua de setembro passado.Os foguetes riscavam o céu com poucos minutos de diferença e abriam enormes crateras no chão nevado ao longo da frente militar que cerca um povoado devastado, 10 quilômetros ao noroeste do reduto rebelde de Donetsk.
[SAIBAMAIS]As explosões no povoado de Tonenke - onde resta apenas um pequeno grupo de seus 300 habitantes - derrubaram prédios e arrasaram as estradas que levam ao aeroporto de Donetsk, alvo de disputa dos soldados ucranianos e dos separatistas. "É uma guerra sem quartel", disse um soldado ucraniano.
"Os ataques começaram às 5h da manhã (1h00 em Brasília). Houve um momento de calma de uma, ou duas horas, no máximo. Nunca vimos algo assim", acrescentou. As trocas de tiros de morteiro ao redor do feudo separatista deixaram centenas de vítimas civis desde o início dos combates, há nove meses.
Nesta terça, um foguete de longo alcance matou 12 pessoas, ao explodir perto de um ônibus que seguia para Donetsk de uma cidade controlada pelo governo na costa do sudeste da Ucrânia. Imagens da carcaça do ônibus amarelo em um campo de neve ensanguentada mostram o quão distante se está de chegar a uma saída para o conflito. Até agora, o número de mortos chega a 4.700.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, declarou à nação que os rebeldes lançaram o foguete contra o ônibus, acrescentando que os responsáveis são "aqueles que os apoiam, aqueles cuja mão os alimenta e arma, treina-os e os anima a cometer crimes sangrentos", em clara alusão a Moscou.
O governo ucraniano garantiu que os separatistas utilizaram lança-foguetes russos TOS-1, que não se encontram na Ucrânia. Já o Kremlin negou, repetidas vezes, apoiar os rebeldes pró-russos. O TOS-1 foi empregado pelo Exército soviético no Afeganistão e pelas forças russas na segunda campanha da Chechênia. Kiev garante que os rebeldes usaram o armamento pela primeira vez na noite passada para atacar o povoado de Vesele (leste).
Rússia indignada
O governo russo acusou os ucranianos, por sua vez, de estarem por trás do incidente do ônibus. "Estamos indignados com os tiros contra um ônibus, outro crime dos militares de Kiev", declarou o enviado do Ministério russo das Relações Exteriores para os direitos humanos, Konstantin Dolgov. "Isso mina todos os esforços para conseguir a paz", acrescentou.
A morte dessas 12 pessoas na terça-feira é o episódio mais letal desde que as partes firmaram um cessar-fogo, em 5 de setembro passado, em Minsk. O acordo não conseguiu, porém, encerrar os combates no leste da Ucrânia.
Na segunda, a cúpula que deveria ter reunido Poroshenko e seu colega russo, Vladimir Putin, na presença da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, François Hollande, foi adiada por tempo indeterminado e, agora, parece mais incerta do que nunca. Merkel deu a entender que uma reunião é inútil, enquanto não se respeitar o cessar-fogo.