A presidente Dilma Rousseff fez nesta sexta-feira (16/1) ao presidente da Indonésia, Joko Widodo, um apelo em favor dos brasileiros Marco Archer Cardoso Moreira e Rodrigo Muxfeldt Gularte, que foram condenados à morte por tráfico de drogas e estão na eminência de serem executados. Em resposta, Widodo negou o pedido da presidente. Segundo o assessor especial para assuntos internacionais do Brasil, Marco Aurélio Garcia, "não houve sensibilidade por parte do governo da Indonésia para o pedido de clemência do governo brasileiro". "Em princípio, a execução (de Archer) deve se dar à meia-noite de domingo, hora de Jacarta, às 15h no horário de Brasilia", explicou.
De acordo com Garcia, antes de Widodo atender à presidente, o governo brasileiro fez uma série de tentativas e chegou a convocar o embaixador da Indonésia ao Palácio do Planalto para intermediar a conversa entre os dois presidentes. "Depois de uma série de iniciativas, hoje, pela manhã, às 8h pelo horário de Brasília, a presidente pode conversar por telefone com o presidente da Indonésia", disse ele. Em nota, a Secretaria de Imprensa da Presidência (SIP) disse que Dilma "ressaltou ter consciência da gravidade dos crimes cometidos pelos brasileiros. Disse respeitar a soberania da Indonésia e do seu sistema judiciário, mas como Chefe de Estado e como mãe, fazia esse apelo por razões eminentemente humanitárias".
A presidente também destacou que a legislação brasileira não comporta a pena de morte "e que seu enfático apelo pessoal expressava o sentimento da sociedade brasileira". Segundo a SIP, Widodo disse compreender a preocupação da presidente, mas ressalvou que não poderia comutar a sentença de Marco Archer, "pois todos os trâmites jurídicos foram seguidos conforme a lei indonésia e aos brasileiros foi garantido o devido processo legal".
A presidente reiterou o lamento à decisão de levar adiante a execução de Archer, "que vai gerar comoção no Brasil e terá repercussão negativa para a relação bilateral". De acordo com Garcia, a presidente lamentou essa posição do governo indonésio e reiterou que essa decisão cria, sem dúvida, sombras nas relações entre os dois países.