Agência France-Presse
postado em 16/01/2015 12:08
Um longo abraço com o presidente francês, palavras simples e um percurso simbólico pelos locais dos atentados em Paris: o secretário de Estado americano, John Kerry, expressou nesta sexta-feira em Paris a solidariedade dos Estados Unidos com a França.A imagem de Kerry e do presidente François Hollande dando um longo abraço na entrada do palácio presidencial francês apagaram as críticas manifestadas pela ausência de líderes americanos de alto escalão na imensa manifestação de repúdio aos atentados, acompanhada no domingo por meia centena de líderes de todo o mundo em Paris.
Kerry, que chegou na noite de quinta-feira a Paris procedente da Índia, foi recebido na manhã desta sexta-feira por Hollande.
[SAIBAMAIS]
"Compartilhamos a dor do povo francês", declarou, saudando o sentido da unidade dele.
"Vocês foram vítimas de um atentado terrorista excepcional em 11 de setembro (de 2001", disse Hollande a Kerry.
"Devemos encontrar juntos as respostas necessárias" à ameaça jihadista, acrescentou o presidente francês durante a parte do encontro aberta à imprensa.
Segundo fontes diplomáticas, Hollande informou depois a Kerry sobre o estado da investigação, e ambos fizeram um balanço das operações antijihadistas realizadas na Bélgica e o reforço da cooperação em matéria de inteligência.
Em um comunicado, a presidência declarou que Hollande "pediu ao secretário de Estado que transmitisse ao presidente (Barack) Obama seus agradecimentos pelo apoio dado pelos Estados Unidos" à França após os atentados.
John Kerry se reuniu posteriormente com seu colega francês, Laurent Fabius, e ambos percorreram os locais dos atentados em Paris, depositando flores no mercado kasher no qual quatro judeus morreram em 9 de janeiro e na sede da revista Charlie Hebdo, onde doze pessoas foram assassinadas dois dias antes.
Kerry também deixou flores a alguns metros da revista, na rua onde um policial ferido foi assassinado com um tiro na cabeça pelos jihadistas poucos minutos após o ataque à revista. Kerry visitará posteriormente a prefeitura de Paris.
Enquanto isso, a investigação sobre os atentados avança, e doze pessoas, nove homens e três mulheres, foram detidas na madrugada desta sexta-feira. O ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, declarou que são pessoas fichadas "por atos de direito comum".
Serão interrogadas sobre o possível apoio logístico que podem ter fornecido aos três autores dos atentados, concedendo armas e veículos, segundo fontes judiciais.
O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, afirmou, por sua vez, que não há vínculo direto entre os atentados na França e as operações antijihadistas realizadas na véspera na Bélgica, nas quais 13 suspeitos foram detidos e dois morreram. A emoção provocada pelos atentados não recai na França, que segue enterrando as vítimas.
Na sexta-feira acordes da Internacional e intensos aplausos acompanharam o caixão do diretor da Charlie Hebdo, o desenhista Charb, cujo enterro foi acompanhado por centenas de pessoas e por muitas personalidades políticas, entre elas três ministros.