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Ataques promovidos por Israel atingem duramente o Irá e o Hezbollah

Este é um dos golpes mais duros sofridos pelo Hezbollah desde o início da guerra na Síria, onde combate os rebeldes ao lado do regime de Bashar al-Assad

Agência France-Presse
postado em 19/01/2015 13:00
Beirute, Líbano - Israel atingiu duramente seus inimigos Hezbollah e seu patrocinador Irã, matando em um ataque no Golã sírio seis membros do partido xiita libanês e um general da Guarda Revolucionária, exército de elite da República Islâmica. O ataque provocou a ira de partidários do Hezbollah, mas analistas não acreditam em uma guerra generalizada. Além dos seis membros do Hezbollah, seis soldados iranianos, incluindo um oficial da Guarda Revolucionária (Pasdaran), morreram no domingo no ataque a Quneitra, no Golã sírio, enquanto eles estavam em uma missão de reconhecimento, informou à AFP uma fonte próxima ao Hezbollah.

O Irã confirmou a morte de um de seus generais. Este é um dos golpes mais duros sofridos pelo Hezbollah desde o início da guerra na Síria, onde combate os rebeldes ao lado do regime de Bashar al-Assad. Entre os mortos, estaria Jihad Mughniyeh, filho de Imad Mughniyeh, outro comandante assassinado em 2008, segundo membros do Hezbollah. Jihad Mughniyeh será enterrado nesta segunda-feira à tarde nos subúrbios ao sul de Beirute, onde uma multidão já começa a se reunir para o funeral.

[SAIBAMAIS]Além de Mughniyeh, o ataque matou o comandante Mohammad Issa, um dos responsáveis pela pasta Iraque-Síria, e quatro membros do Hezbollah, de acordo com uma fonte próxima ao movimento armado xiita. Uma fonte de segurança israelense informou no domingo sobre um ataque aéreo realizado por um helicóptero contra "elementos terroristas" acusados de preparar ataques contra o Estado hebreu. Este ataque aumentou as tensões no Líbano, onde o exército intensificou suas patrulhas ao longo da fronteira com Israel.

Israel, que pretende impedir a transferência de armas para o poderoso movimento libanês, já lançou várias ataques na Síria. Os líderes do Hezbollah ainda não se pronunciaram publicamente sobre o ataque no domingo, descrito por seu canal de TV, Al-Manar, de "aventura arriscada que ameaça a segurança do Oriente Médio".



Resposta de envergadura
Inicialmente, o Hezbollah se concentrava na luta contra o Estado hebreu, mas o movimento xiita libanês está muito envolvido na Síria onde o combate junto às forças do regime. Com suas forças engajadas no país vizinho e com o Líbano muito fragilizado pelo conflito sírio, as possibilidades de abrir uma nova frente de combate contra Israel são quase nulas. O Hezbollah deverá, portanto, encontrar uma reação apropriada, que não provoque hostilidades abertas, ressaltam os analistas. "O Hezbollah não pode responder (de forma massiva), porque se responder, haverá outra guerra. Mas o Hezbollah está na Síria, e não está pronto para lutar contra Israel", considera Hilal Khashan, professor de ciências política da Universidade americana de Beirute.

Na última quinta-feira, o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, anunciou, pela primeira vez, que seu partido possui, desde 2006, mísseis iranianos Fateh-110 capazes de cobrir todo o Estado de Israel. Com este ataque, "os israelenses mostraram que o Hezbollah blefa", acredita Khashan, que diz que apesar de o movimento ser capaz de lançar ataques de pequena escala, tais como bombas plantadas perto da fronteira com Israel, não irá se lançar em nenhuma ação de envergadura. "Nasrallah vai dizer que os israelenses estão tentando provocar como parte de sua campanha eleitoral, e que não devem cair na armadilha deles" sem ir mais longe, estima o pesquisador.

Essa análise é compartilhada em Israel. "O Hezbollah não quer uma guerra aberta", afirma Yoram Schweitzer, ex-chefe do exército israelense de luta contra o terrorismo. "Há uma série de opções para replicar em diferentes níveis. Acreditamos que ele não quer entrar em contato direto neste momento", disse à AFP. O Líbano ainda está tecnicamente em guerra com Israel, que ocupa os cerca de 1.200 quilômetros quadrados do Golã sírio, embora a anexação nunca tenha sido reconhecida pela comunidade internacional.

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