Agência France-Presse
postado em 19/01/2015 18:14
Duas pessoas em missão humanitária na República Centro-Africana foram sequestradas nesta segunda-feira em Bangui - informaram fontes ligadas ao caso. Uma das vítimas é uma francesa de 67 anos que trabalhava para a organização médica católica Coordenação Diocesana da Saúde (CODIS). Além dela, também foi sequestrado um funcionário da ONG.
Os dois circulavam à bordo de um veículo 4x4 que transportava medicamentos, quando foram abordados por um grupo de quatro homens armados com metralhadoras na manhã desta segunda-feira (05H00, horário de Brasília).
"Nós três íamos até Damara (70 km ao norte de Bangui), onde estávamos em missão. Fomos rendidos por um grupo armado de quatro [milicianos cristãos] anti-balaka, que bloquearam a estrada", contou irmão Elkana Ndawatcha, um religioso que dirigia o carro.
"Eu fui liberado após terem levado tudo o que eu levava, celular, documentos e dinheiro. Um dos sequestradores tomou meu lugar no carro e levou meus dois colegas pra dentro de Boy-Rabe", um bairro do nordeste de Bangui, reduto dos anti-balaka, explicou o religioso.
Em comunicado publicado no início da noite, o ministério das Relações Exteriores francês pediu que a mulher "seja libertada o quanto antes", ressaltando que "a França lamenta este ato contrário ao direito humanitário". Trata-se do primeiro sequestro de um cidadão francês na República Centro-Africana, em crise desde 2013.
A chancelaria francesa também informou que a embaixada da França em Bangui "está em contato permanente com a Arquidiocese da capital centro-africana, que iniciou uma negociação com os sequestradores".
Segundo uma fonte próxima ao caso, o sequestro foi planejado por milicianos anti-balaka insatisfeitos com a prisão de Rodrigue Nga;bona, o "general Andjilo", poderoso líder anti-balaka preso no último sábado em Bouca.
Os anti-balaka são milicianos cristãos que lutam contra os rebeldes, essencialmente muçulmanos.
O "general Andjilo", que foi um dos principais líderes anti-balaka em Bangui, tinha fugido da capital. Ele é suspeito de ser um dos mentores dos massacres que mataram muçulmanos em 5 de dezembro de 2013, em Bangui.