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Argentina está dividida entre hipóteses sobre morte de promotor

Alberto Nisman acusou, há uma semana, Kirchner e seu chanceler, Héctor Timerman, de acobertar o Irã no caso do atentado contra Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires em 1994

Agência France-Presse
postado em 21/01/2015 11:33

Alberto Nisman acusou, há uma semana, Kirchner e seu chanceler, Héctor Timerman, de acobertar o Irã no caso do atentado contra Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires em 1994

A Argentina seguia nesta quarta-feira cercada por dúvidas, dividida entre as hipóteses de suicídio, de suicídio induzido e de assassinato do promotor Alberto Nisman, que iria explicar horas depois no Congresso sua denúncia contra a presidente Cristina Kirchner.

Nisman, que acusou há uma semana Kirchner e seu chanceler, Héctor Timerman, de acobertar o Irã no caso do atentado contra Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires em 1994, foi encontrado morto no domingo.

Desde então, o país se mostra dividido entre os que acreditam que ele cometeu suicídio ou foi instigado ao suicídio, como o governo, e os que enxergam um assassinato, hipótese levantada pela oposição.

A coletividade judaica convocou uma concentração em frente à sede da AMIA às 18h30 (19h30 de Brasília) para pedir "verdade e justiça".

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O juiz Ariel Lijo, a quem Nisman havia apresentado a denúncia, publicou o texto integral de 280 páginas na terça-feira.

[SAIBAMAIS]Isso depois que o chefe da Secretaria de Inteligência (SI), Oscar Parrilli, afirmou que não há membros de sua dependência entre os acusados pelo promotor.

Na denúncia, Nisman afirmou que Kirchner emitiu uma ordem expressa para aplicar um plano de acobertamento que desvinculasse os acusados iranianos do atentado da AMIA, garantindo-lhes impunidade.

Nisman acusou o governo argentino de combinar com o Irã o reativamento do comércio de petróleo em troca de desistir dos pedidos à Interpol que ainda pesam sobre cinco iranianos suspeitos de participar do atentado, que há 20 anos deixou 85 mortos e 300 feridos em Buenos Aires.

Segundo o promotor, "o plano elaborado por Cristina Fernández incluía o fim das notificações vermelhas da Interpol - um plano frustrado inesperadamente pela ação firme do secretário-geral Ronald K. Noble".

Noble, ex-secretário-geral da Interpol, negou esta versão em uma nota publicada no jornal Página 12 no domingo passado: "O que o promotor Nisman diz é falso, nenhum integrante do governo argentino tentou fazer com que tirássemos os alertas vermelhos contra os funcionários iranianos".

Morte violenta

Porta-vozes do governo declararam que Nisman pode ter agido sob as ordens de um setor mafioso dos Serviços de Inteligência, cuja cúpula foi removida pela presidente em dezembro.

Viviana Fein, a promotora que investiga o caso, informou que não foram encontrados restos de pólvora na mão de Nisman, mas disse que isso era comum no caso de armas como a calibre 22 que, segundo a investigação, o matou.

Devido a este resultado foi ordenada uma nova perícia da arma.

A situação "coloca a promotora na obrigação de empregar a maior força investigativa para descartar qualquer tipo de hipótese: suicídio, suicídio induzido ou homicídio", declarou o secretário de Segurança, Sergio Berni.

Fein também colheu depoimentos dos seguranças do promotor e de sua ex-mulher, a juíza Sandra Arroyo Salgado - mãe das filhas de 7 e 15 anos do promotor -, assim como da equipe de segurança do edifício onde o corpo foi achado.

A juíza responsável pelo caso, Fabiana Palmaghini, realizou uma inspeção ocular no apartamento de Nisman e analisou o escritório no qual trabalhava.

Nisman foi encontrado morto no banheiro de seu apartamento no bairro de Puerto Madero em Buenos Aires depois que um de seus 10 seguranças alertou sua mãe porque ele não atendia às chamadas telefônicas.

A presidência desclassificou informações de Inteligência relacionadas à investigação do atentado de 1994 que Nisman havia solicitado na semana passada.

Verdade e Justiça

A AMIA e a DAIA, as duas organizações mais representativas da comunidade judaica na Argentina - a maior na América Latina - realizarão nesta quarta-feira uma concentração em frente à sede da AMIA para insistir que sejam esclarecidos o atentado de julho de 1994 e as circunstâncias da morte de Nisman.

A assinatura em janeiro de 2013 de um memorando de entendimento entre Argentina e Irã foi denunciada como inconstitucional pela AMIA e pela DAIA e tensionou as relações, que eram boas, entre o governo e esta comunidade.

Desde março de 2012, é aguardado um julgamento contra o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), acusado de "acobertamento agravado" no caso.

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