Agência France-Presse
postado em 21/01/2015 20:05
Organizações cubanas de Miami rejeitaram nesta quarta-feira as "concessões" que Washington está fazendo a Cuba enquanto "aumenta a repressão" na Ilha, no momento em que se iniciam em Havana negociações históricas entre os dois países visando normalizar as relações bilaterais."Neste momento não se podem fazer concessões a um regime que não manifestou a mínima vontade de mudança", disse Sylvia Iriondo, da organização Mães e Mulheres Contra a Repressão em Cuba, durante entrevista coletiva concedida em Miami.
"Se os Estados Unidos estabelecerem relações com o regime (cubano) sem a imposição do respeito a este movimento (de dissidência) como condição fundamental, toda esta abertura econômica do (presidente Barack) Obama em relação ao regime apenas vai fortalecer a repressão", advertiu Orlando Gutiérrez-Boronat, do Diretório Democrático Cubano.
O Diretório teve 103 ativistas detidos em Cuba desde que Washington e Havana anunciaram, no dia 17 de dezembro, o início da aproximação, após mais de meio século de rompimento.
Gutiérrez-Boronat lembrou que dos 53 presos políticos soltos por Havana dentro das negociações com Washington, mais da metade já estava em liberdade quando se anunciou a mudança da política entre os dois países, e muitos saíram por razões alheias ao diálogo.
"A repressão continua em Cuba tão forte como sempre foi contra os que lutam por uma mudança democrática no país".
Esta situação "mais uma vez enfatiza que os direitos humanos e a democracia em Cuba não são um fator importante nestas conversações entre a administração Obama e o regime de (Raul) Castro".
Estados Unidos e Cuba realizaram nesta quarta-feira, em Havana, uma discussão sobre temas migratórios, no primeiro dia das conversações em Havana para preparar o restabelecimento de relações diplomáticas.