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Com R$ 215, embaixada do Brasil em Benin, na África, está sem luz e água

Com apenas US$ 83 (R$ 215, na cotação de hoje) em caixa, a embaixada cortou radicalmente as despesas

postado em 21/01/2015 20:30
Embaixada do Brasil em Benin
O embaixador brasileiro em Benin, na África, tirou dinheiro do próprio bolso para pagar as contas de água e luz da representação diplomática. O estado de penúria, que envolve banhos com auxílio de canecas e uso de velas e lanternas, foi relatado em um telegrama enviado ao Itamaraty. Embaixadas do Brasil em Tóquio, Lisboa, Guiana e Estados Unidos também apresentam indícios do mesmo problema, conforme relatos.



No comunicado enviado da África, assinado pelo encarregado de negócios, João Carlos Falzeta Zanini, o diplomata brasileiro acrescenta que o pagamento da tarifa de energia foi feito em novembro. "Já tinha me valido dessa alternativa para pagar a fatura de telefone que também estava atrasada. Ante a perspectiva de corte do serviço de internet no próximo 24 de janeiro, entendo que deverei também adiantar o pagamento", disse.

Com apenas US$ 83 (R$ 215, na cotação de hoje) em caixa, a embaixada cortou radicalmente as despesas. Os serviços de manutenção da residência não foram realizados. Chamadas para celular de todos os aparelhos foram cortadas. Produtos de limpeza, de escritório e café estão racionados.

O acúmulo de dívidas prejudicou até o banho dos moradores da embaixada. A bomba que abastece o andar superior quebrou e sem dinheiro para os reparos, o embaixador deve de apelar: comprou galões de água e passou a tomar banho com auxílio de uma caneca.

Os recursos deixaram de ser repassados pelo governo há 50 dias. Para quitar os débitos, é necessário o depósito de US$ 9.941,74 (R$ 25.809,75, na cotação de hoje).

Com a alta no preço dos combustíveis, os carros oficias ficaram parados e foram substituídos por uma moto, mais econômica. No entanto, a falta de diesel também afeta os geradores responsáveis por fornecer energia alternativa à embaixada.

Sem abastecimento de energia, o embaixador teve de reduzir as atividades rotineiras e liberar os funcionários. "No que toca à residência, o gerador já está inativo há cerca de três semanas. Quando há oscilação na rede, o que ocorre praticamente todos os dias por uma ou duas horas, valho-me de velas e de lanterna", salientou. O gasto semanal para o abastecimento dos geradores da chancelaria e da residência está estimado em aproximadamente U$ 180,00 (R$ 467,30).

O telegrama também destaca os riscos de malária, uma vez que a região de Benin registra altos índices da doença. "O ar-condicionado serve de poderoso inibidor da proliferação do mosquito. Quando o fornecimento de energia é interrompido e os aparelhos de ar-condicionado desligados, utilizo inseticidas para amenizar".

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que os recursos para a manutenção do Posto referentes ao mês de dezembro foram liberados hoje, após o processamento de repasse financeiro do Tesouro.


(Colaborou Michelle Macedo)

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