Mundo

Rebeldes pró-russos prometem grande ofensiva no leste da Ucrânia

Na quinta-feira à noite, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, reuniu sua equipe para discutir "maneiras de reagrupar as forças (armadas) e parar a agressão"

Agência France-Presse
postado em 23/01/2015 14:36
Kiev, Ucrânia - Os rebeldes pró-russos do leste da Ucrânia prometeram prosseguir com uma ampla ofensiva após um dia sangrento marcado pela tomada do aeroporto de Donetsk, com Kiev dizendo que reagrupou suas forças para repelir uma agressão russa.

"Não haverá da nossa parte tentativas para negociar uma trégua com as autoridades ucranianas", declarou o "presidente" da autoproclamada república de Donetsk, Alexander Zakharchenko. Ele prometeu "lançar uma ofensiva nas fronteiras da região de Donetsk".

Em Kiev, o secretário do Conselho de Segurança Nacional e da Defesa, Olexandre Turchinov, denunciou uma ofensiva total conduzida, segundo ele, por "unidades regulares das forças armadas russas." "O objetivo da liderança política e militar da Rússia não é apenas controlar os territórios ocupados, mas destruir o Estado ucraniano", acusou. Na quinta-feira à noite, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, reuniu sua equipe para discutir "maneiras de reagrupar as forças (armadas) e parar a agressão".

Este endurecimento do tom, ocorre depois de um dia sangrento marcado por combates e bombardeios que deixaram mais de 40 mortos em 24 horas e pela perda pelo exército ucraniano, depois de vários meses de luta, do aeroporto de Donetsk. Nesta sexta-feira, o exército ucraniano informou a morte de três soldados, além de 50 feridos nas últimas 24 horas.

Leia mais notícias em Mundo

O conflito, iniciado em abril, tomou um novo rumo com este revés amargo para o exército ucraniano. A batalha pelo que resta deste grande aeroporto internacional foi comparada com a de Stalingrado durante a Segunda Guerra Mundial.

A União Europeia denunciou a escalada dos combates e pediu uma "investigação imparcial" sobre o bombardeio de quinta-feira que matou pelo menos 13 civis em Donetsk. Mas os europeus são forçados a admitir sua impotência para influenciar a Rússia, que apoia os rebeldes, como sobre Kiev.


Putin acusa Kiev
Após anexar sem combates em março a península da Crimeia, a Rússia é acusada por Kiev e os ocidentais de apoiar militarmente a rebelião separatista pró-russa no leste da Ucrânia, onde o conflito fez mais de 5.000 mortes em nove meses. Atingido por pesadas sanções ocidentais por seu papel na crise, Moscou nega qualquer envolvimento na guerra.

Mas nesta sexta-feira, o presidente russo Vladimir Putin acusou as autoridades ucranianas de lançar uma grande operação militar contra os rebeldes pró-russos e de ser responsável por dezenas de mortes nos últimos dias no leste da Ucrânia.

"As autoridades de Kiev deram a ordem oficial para lançar uma grande operação militar que cobre praticamente toda a linha de contato" entre as forças regulares e os rebeldes pró-russos, utilizando "artilharia e aviação" contra setores "populosos", declarou Putin em uma reunião do Conselho de Segurança russo.

"Eles usam artilharia, lança-foguetes e aeronaves, sem distinção" entre os rebeldes e civis, inclusive contra "áreas densamente povoadas", acusou o presidente russo.

"E tudo isso é acompanhado por slogans de propaganda sobre seu desejo de paz, bem como de buscas pelos responsáveis", disse ele. Mas "a responsabilidade é de quem dá essas ordens criminosas", ressaltou.

As tentativas no final de dezembro e início de janeiro de reavivar o processo de paz através da organização de uma reunião entre Putin e Poroshenko, com a participação do presidente da França, François Hollande, e da chanceler alemã, Angela Merkel, fracassou com a retomada das hostilidades.

Para uma autoridade do governo ucraniano, o Kremlin pretende infligir pesadas perdas à Ucrânia para forçá-la a assinar um novo acordo de paz sob as suas condições. "Eles fazem isso para fortalecer suas posições nas negociações e desestabilizar a situação na Ucrânia", disse o funcionário sob condição de anonimato.

De acordo com um analista político ucraniano, Taras Berezovets, a Rússia "visa coagir a Ucrânia, os Estados Unidos e a Europa a reconhecer a anexação da Crimeia, um estatuto especial para as repúblicas do leste, e o levantamento das sanções" que a atinge.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação