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Serra Leoa suspende quarentena, mas ebola na África ainda preocupa

Apesar deste recuo sensível, a situação continua sendo extremamente preocupante nos três países mais atingidos, afirmou nesta sexta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS)

Agência France-Presse
postado em 23/01/2015 20:00
Serra Leoa, um dos três países mais afetados pelo Ebola, suspendeu nesta sexta-feira as medidas de quarentena impostas no auge da epidemia de febre hemorrágica no oeste da África, enquanto a Organização Mundial da Saúde alertou que a crise ainda é "extremamente alarmante" apesar da queda de incidência de novos casos.

Apesar deste recuo sensível, a situação continua sendo extremamente preocupante nos três países mais atingidos, afirmou nesta sexta-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS) referindo-se à Libéria, Serra Leoa e Guiné.

A organização está preocupada com uma possível diminuição da vigilância e cuidados, já que os meios financeiros e pessoal médico continuam sendo insuficientes e que a futura temporada de chuvas pode complicar a luta contra a erradicação da enfermidade.

Mais cedo, o presidente de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, anunciou o fim de todas as medidas de quarentena tomadas para lutar contra o Ebola devido ao retrocesso da epidemia no país, que tem o maior número de casos registrados.

"As restrições à circulação da população serão reduzidas para fomentar a atividade econômica. Já não haverá restrições deste tipo a nível local ou provincial", afirmou Koroma em um discurso transmitido pela rádio e pela televisão na quinta-feira à noite.

O país oeste-africano, com seis milhões de habitantes, restringiu as viagens à metade de sua população, isolou seis de seus 14 distritos e muitas supremacias tribais, em resposta a um surto que matou mais de 3.000 serra-leoneses.

Koroma apontou uma "tendência descendente contínua" de novos casos nas últimas semanas e acrescentou que "a vitória está á vista".

Mas o anúncio ocorreu no mesmo dia em que a OMS declarou a situação como "extremamente alarmante" e que os avanços feitos até agora poderão ser rapidamente perdidos a menos que se disponibilize US$ 250 milhões para dar continuidade à luta contra a doença nos próximos meses.

"Ainda estamos em uma situação muito, muito perigosa com este vírus", disse a jornalistas, em Genebra, o número dois da OMS, Bruce Aylward.

"Especialmente agora, que estamos nos encaminhando, muito em breve, para a temporada chuvosa. Ela nos atingirá em abril, maio tornará a resposta muito mais complicada", prosseguiu.


;Não devemos esmorecer;

Segundo os últimos números da Organização Mundial da Saúde, a epidemia matou 8.688 pessoas de um total de 21.759 casos.

A Libéria, que teve seu pico com mais de 300 novos casos por semana em agosto e em setembro, registrou apenas oito na semana passada, enquanto houve apenas 20 casos confirmados na Guiné contra 45 na semana anterior.

Os números em Serra Leoa eram de 117 casos na semana passada contra 184 uma semana antes, acrescentou a OMS, destacando que o oeste do país permanece uma região problemática.

O presidente Koroma prometeu que medidas de combate à doença, como a proibição a lavar os corpos das vítimas, serão mantidas.

"Nossos registros mostram que esta é agora a maior ameaça à nossa vitória sobre a doença", afirmou.

"Nós não podemos esmorecer, vamos continuar a luta", acrescentou.

O vírus Ebola, uma verdadeira praga na África ocidental em 2014, começou sua fase de retrocesso nos três países mais afetados (Libéria, Guiné e Serra Leoa), onde o número de novos casos caiu em janeiro ao seu menor nível desde agosto.


Testes com vacinas na Libéria

A gigante farmacêutica britânica GlaxoSmithKline (GSK) informou nesta sexta-feira que sua candidata a vacina contra o Ebola deverá chegar à Libéria ainda nesta sexta-feira.

O lote de 300 doses será o primeiro a chegar a um dos países mais castigados pela epidemia e será usado em testes conduzidos pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos nas próximas semanas com até 30.000 pessoas.

Cerca de 200 voluntários já estão testando a candidata a vacina em testes em menor escala na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos, na Suíça e no Mali, e os resultados iniciais demonstram que o imunizante é seguro.

"Se a candidata a vacina for capaz de proteger estas pessoas, como esperamos que vá fazer, poderá contribuir de forma significativa com os esforços para colocar son controle a epidemia e prevenir futuros surtos", disse Moncef Slaoui, presidente de vacinas globais na GSK.

Professor de virologia molecular na Universidade de Nottingham, na Inglaterra, Jonathan Ball saudou o anúncio, mas disse que haviam "enormes obstáculos logísticos" a superar, tais como o fornecimento de armazenamento a frio e o recrutamento de voluntários para os testes.

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