Agência France-Presse
postado em 23/01/2015 20:10
O presidente francês, François Hollande, e o secretário de Estado americano, John Kerry, convocaram os líderes reunidos no Fórum de Davos, na Suíça, nesta sexta-feira, a aderirem a uma mobilização global contra o "terrorismo", 15 dias depois dos atentados cometidos em Paris.Sob o slogan "a economia é um fator de segurança", Hollande dirigiu seu apelo aos líderes políticos e às grandes empresas.
"Quando um país é atacado (...) a resposta deve ser global. Deve ser internacional e compartilhada entre os Estados e as empresas e, em particular, as maiores, que também têm de intervir", declarou.
Em particular, Hollande pediu às empresas digitais que "identifiquem conteúdos ilegais, torne-os inacessíveis, estabeleçam uma espécie de norma, porque vocês também são parte da regulação".
Ao sistema financeiro internacional, bem representado em Davos por dezenas de executivos de bancos, pediu que "corte as fontes de alimentação do terrorismo e lute contra a lavagem de dinheiro", da qual os extremistas se beneficiam.
Pouco depois, Kerry fez um enérgico discurso, relatando atrocidades cometidas na Nigéria, Síria, Iraque, ou Paquistão, onde crianças são massacradas em meio à loucura jihadista.
"Essas atrocidades nunca poderão ser entendidas de forma racional", frisou.
"Temos de nos opor a isso com toda nossa alma", insistiu Kerry.
"Nas próximas semanas, temos de (...) fortalecer nossos esforços na Somália e também na Nigéria para pôr fim à violência e, por isso, irei para lá em dois dias, no domingo", completou o secretário americano.
Clima, parte da segurança mundial
Em nome de um conceito amplo de segurança, capaz de abordar causas e mecanismos dos conflitos, Hollande pediu ao mundo empresarial um esforço especial na luta contra a mudança climática, a 11 meses da Cúpula Mundial do Clima em Paris.
[SAIBAMAIS]O presidente lembrou que o objetivo dessa cúpula, um ano depois da realizada em Lima, é conseguir um acordo global vinculador, "que permita travar uma verdadeira luta contra a mudança climática". Nesse sentido, pediu que "se invista capitais, maciçamente, na economia verde".
"Devemos criar um novo mercado, um mercado de produtos financeiros, um mercado de títulos verdes em escala mundial", acrescentou.
Hollande destacou que existe hoje, no mundo, mais refugiados climáticos (estimados em 20 milhões) do que refugiados de conflitos, uma situação preocupante que pode acarretar "outras consequências".
O francês lembrou que o fundo verde da ONU arrecadou apenas US$ 10 bilhões até agora, enquanto o objetivo é somar US$ 100 bilhões. Ele comentou ainda que os preços baixos do barril de petróleo, inferiores a US$ 50, "criam uma oportunidade para que se invista na transição energética".
"Vocês também devem servir à segurança, à estabilidade, e isso é uma responsabilidade comum", insistiu o francês, dirigindo-se ao mundo empresarial no Fórum de Davos, onde mais de 2.500 participantes, entre empresários, chefes de Estado e de governo e organismos internacionais, reúnem-se de quarta a sábado.
Duas semanas depois dos atentados jihadistas na França, Hollande parabenizou os dirigentes que compareceram à grande marcha de 11 de janeiro em Paris. Alguns deles estavam, inclusive, presentes na reunião em Davos.
"Me disseram que somente na França poderia ter sido organizada uma manifestação com chefes de Estado nas ruas, e onde as pessoas os aplaudem", comentou Hollande.