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Milhares se manifestam na capital do Iêmen contra milícias xiitas

Dezenas de partidários do huthis tentaram impedir a manifestação, o que provocou confrontos

Agência France-Presse
postado em 24/01/2015 10:50
Sana, Iêmen - Milhares de pessoas se manifestavam nesta sábado em Sanaa contra a milícia xiita Ansaruallah que tomou em setembro a capital do Iêmen, um país-chave na estratégia dos Estados Unidos contra a Al-Qaida.

Desde quinta-feira, o Iêmen não tem presidente nem governo após a renúncia dos dois chefes do Poder Executivo, pressionados pelos milicianos xiitas que tomaram o palácio presidencial e outros edifícios governamentais.

Os milicianos, também conhecidos como huthis em referência ao nome de seu líder, entraram em 21 de setembro em Sanaa, e desde então se espalharam para o centro e oeste do país, onde tomaram a cidade estratégica portuária de Hodeida, no Mar Vermelho. "Fora huthis", gritavam os manifestantes, convocados pelo Movimento de Rejeição, um grupo recém-criado em várias províncias do país para desafiar os milicianos xiitas.

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Dezenas de partidários do huthis tentaram impedir a manifestação, o que provocou confrontos. Os manifestantes se reuniram na Praça da Mudança, perto da Universidade de Sanaa, e se dirigiam ao Palácio republicano, a residência do ex-primeiro-ministro Khaled Bahah, quando decidiram mudar de rota e rumaram para a residência do presidente Abd Rabbo Hadi Manssur para protestar contra a sua demissão.

Hadi renunciou na quinta-feira logo após a renúncia do governo. Poucos dias antes, o chefe de gabinete do presidente, Ahmed ben Mubarak Awad, foi sequestrado e segue nas mãos de milicianos. Também houve manifestações nas cidades de Taez (sudoeste), Ibb (centro) e Hodeida.

No domingo, o Parlamento decidirá sobre a renúncia do presidente Hadi em uma sessão especial. Hadi foi eleito em 2012, após a queda de Ali Abdullah Saleh, deposto por uma revolução popular, na esteira da Primavera Árabe.

De acordo com os seus adversários, Saleh estaria apoiando as milícias xiitas. Este ressurgimento da violência no Iêmen, a crise mais grave nos últimos quatro meses, foi deflagrado pela rejeição dos huthis ao projeto de Constituição que divide o país em seis regiões e os priva do acesso ao mar.


Separatistas tomam delegacias de polícia no sul
Além do caos reinante em Sanaa, separatistas armados tomaram neste sábado todas as delegacias de polícia da cidade de Ataq, no sul do Iêmen, um novo golpe para as autoridades do país já desestabilizadas pelos milicianos xiitas.

Combatentes do Movimento Sudista, que lutam pela independência do sul do Iêmen, tomaram seis postos de controle em Ataq, capital da província de Shabwa, sem encontrar resistência da polícia, segundo testemunhas.

Eles pediram aos policiais que entregassem suas armas e voltassem para sua base, disseram as fontes, que acrescentaram que os homens armados içaram as bandeiras do antigo Estado do Iêmen do Sul.

Quatro províncias no sul do Iêmen rejeitam desde quinta-feira todas as ordens da capital e decidiu obedecer apenas os homens leais ao presidente Abd Rabbo Manssur Hadi, que renunciou. Hadi disse em sua carta de demissão que não poderia permanecer no poder em razão do "total impasse" no país.

Homens armados dos "comitês populares", formados por membros de tribos que combaterem no passado a Al-Qaeda no sul do país, foram implantados em diversas áreas do sul.

Seu líder Hussein al-Wahichi informou que 3.000 de seus homens estavam estacionados em Aden, incluindo no porto e aeroporto da segunda cidade do país. "Nós estabelecemos postos de controle para proteger a cidade contra ataques dos huthis ou da Al-Qaeda", disse ele.

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