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Passeata em Caracas reúne milhares de venezuelanos contra crise

A manifestação terminou com um ato dos líderes opositores

Caracas, Venezuela - Milhares de venezuelanos saíram em passeata pelo centro e sudeste de Caracas, atendendo a uma convocação da aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), em protesto contra a escassez de produtos básicos e a crise econômica no país.

A manifestação terminou com um ato dos líderes opositores. A deputada destituída María Corina Machado, acusada de incitação à violência nos protestos de 2014, afirmou que o presidente Nicolás Maduro "tem que se afastar, para que a Venezuela possa se unir". Para ela, "uma mudança urgente de regime por via constitucional não pode esperar".

O secretário executivo da MUD, Jesús ;Chúo; Torrealba, insistiu em que o caminho da oposição é "voto e rua", referindo-se às eleições legislativas. As principais reclamações dos manifestantes giravam em torno da dificuldade para comprar produtos básicos, a corrupção e a situação de líderes políticos presos.

O arquiteto José Salinas, 46, disse estar marchando "por tudo que estamos sofrendo. Essa escassez de alimentos, nas farmácias, e tudo aumentou muito de preço, a carne está custando o dobro."

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O governador de Miranda e ex-candidato à presidência Henrique Capriles Radonski acompanhou a passeata, mas não discursou, para a surpresa dos manifestantes.

Houve chamados pela união política nas fileiras opositoras, por uma participação em massa nas eleições parlamentares do fim do ano.

Enquanto a oposição protestava contra a escassez, Maduro liderava uma grande operação de venda de alimentos subsidiados no centro de Caracas.

A popularidade do presidente é de 22%, segundo as pesquisas, e a gestão do governo é rejeitada por mais de três quartos da população.

O presidente terá que lidar este ano com uma queda de 61% dos preços do petróleo nos últimos sete meses, combustível do qual a Venezuela obtém 96% de sua receita.

O país encerrou 2014 com uma inflação de 64%, a escassez de quase um terço dos produtos básicos, uma economia em recessão e a segunda taxa de homicídios mais alta do mundo, segundo a OMS.