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Samaras, o primeiro-ministro grego vencido pela crise que julgava domar

Superado nas pesquisas desde o início da campanha para as eleições legislativas deste domingo, Samaras fez todo o possível para se recuperar

Agência France-Presse
postado em 25/01/2015 13:10
Atenas, Grécia - O primeiro-ministro conservador Antonis Samaras, homem político hábil, que acreditava ter resgatado a Grécia após cinco anos de crise, enfrenta agora seus erros, prestes a deixar o poder pela decisão dos gregos, cada vez mais desenganados com sua política.

Superado nas pesquisas desde o início da campanha para as eleições legislativas deste domingo, Samaras fez todo o possível para se recuperar, levantando o espectro da falência do país, da saída da zona do euro, de um futuro comparável ao da "Venezuela" ou "Coreia do Norte", caso vença o seu rival, o partido de esquerda Syriza.

Antes de chegar ao poder, o líder do partido Nova Democracia não hesitava em denunciar a política de austeridade imposta pelos credores do país, o FMI e a União Europeia, pronunciando palavras não muito distantes das utilizadas hoje por Alexis Tsipras, candidato do Syriza.

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Eleito primeiro-ministro em junho de 2012, Samaras, de 63 anos, tornou-se um interlocutor razoável para a troika. Esta mudança acabou por desgastar suas relações com a maioria parlamentar e fez sua popularidade cair progressivamente.

Disposto a se manter no poder, tentou uma jogada arriscada para surpreender o Syriza: adiantar em dois meses as eleições presidenciais, em dezembro. O tiro saiu pela culatra, porque os deputados acabaram por não eleger o candidato apresentado por seu governo, causando a dissolução do parlamento e a convocação de novas eleições.


Travessia do deserto e regresso

Deputado aos 26 anos, ministro das Relações Exteriores aos 39 anos, Samaras liderou no início dos anos 90 a luta para impedir que a ex-República Iugoslava da Macedônia, que conquistou sua independência, se chamasse Macedônia, considerando que nenhum país poderia ser chamado como o território onde nasceram Filipe da Macedônia e seu filho Alexandre, o Grande.

Como primeiro-ministro de então, mostrou-se mais moderado. Samaras deixou o governo em 1992 para criar o seu próprio partido, o nacionalista Primavera Política.

Conseguiu 10 deputados nas eleições legislativas de 1993, precipitando a derrota do governo da Nova Democracia em benefício do Pasok (socialista), de Andreas Papandreou. Mas perdeu seus deputados em 1996 e iniciou uma longa jornada pelo deserto.

Em 2012, no auge da crise da dívida na Grécia, o homem que agora alerta para os "perigos" da alternância no poder, defendeu a necessidade de eleições legislativas antecipadas por uma questão de "salvação pública". Conseguiu a saída do primeiro-ministro Lucas Papademos, após seis meses no cargo.

Na eleição seguinte, os gregos acabaram com o tradicional bipartidarismo do país e, na ausência de uma maioria absoluta, Samaras precisou aliar-se com seu inimigo hereditário socialista, o Pasok.

Político experiente, pode se orgulhar de ter iniciado a recuperação das finanças públicas, ao alcançar um superávit primário (sem contar o custo dos juros sobre a dívida), e apresentar uma previsão de crescimento de 2,9 % este ano.

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